Os dois se encontram sepultados na entrada do Cemitério Municipal de Santa Cruz do Sul. Elemar no setor norte e Ruben no sul, até porque direita e esquerda ou outras convenções, pouco sentido têm num cemitério. Entre os dois apenas o caminho a partir do pórtico principal.
Os mesmos Elemar Gruendling, ele prefeito, e Ruben Kaempf, seu vice-prefeito, que trabalharam unidos, agora juntos jazem. Será isso algo incomum ou inesperado? Ou um “referendo” de que, tendo trabalhado em harmonia executiva, se pode assim seguir pela eternidade?
Pensar de maneira diferente, perceber as necessidades de seu povo sob perspectivas nem sempre as mesmas, consolidou a amizade entre Elemar e Ruben, unidos com Gertha e Nelly. Gilka, filha de dona Nelly e Ruben, conta que “a mãe sempre lembrava o dia de aniversário de sua grande amiga Gertha”, esta falecida recentemente.
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Demonstrativa dessa amizade e trabalho conjunto foi uma matéria publicada em março de 1976. Elemar Gruendling, havendo passado o cargo para seu vice, em seu retorno não poupou reconhecimento a Ruben Kaempf. Disse, à época, o prefeito: “Acompanhei, através da imprensa, o que acontecia em Santa Cruz do Sul e sei que a Escola de Área de Rio Pardinho está concluída; que a Faculdade de Filosofia já está ocupando dependências do novo prédio do núcleo iniciado das faculdades, obra esta paga, quase na sua totalidade, com recursos da Prefeitura; sei que as obras de calçamento não pararam assim também no setor de praças e jardins e Assistência Social; sei que o carnaval de Santa Cruz foi um dos maiores realizados aqui; volto e vejo a Secretaria de Coordenação e Planejamento preocupada em dar andamento aos projetos importantes do Plano Diretor; procurando solução aos problemas de fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento de Santa Cruz.” (Jornal Gazeta do Sul, 13 de março de 1976).
Na sequência, o prefeito Elemar, após acentuar, junto ao secretariado, que seria mantido o empenho no cumprimento ao disposto no Programa Plurianual de Investimentos e enfatizar a viabilização de casas populares, acrescentou que “se atingirmos estes objetivos, teremos feito algo de extraordinário e poderemos, em janeiro de 1977, deixar o governo todos juntos, com a cabeça erguida.”
Dificuldades, como costuma acontecer, não faltavam. Havia problemas de energia elétrica, acessos, entre tantos mais, a ponto de Ruben, dois dias antes do retorno de Elemar, dizer em bom-tom: “o maquinário à disposição do Secretário de Obras constitui-se de cinco tratores, um não utilizável, e seis Patrol, estando duas em precárias condições.” (Jornal Gazeta do Sul, de 11 de março de 1976).
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Irmanados pelas dificuldades, mas sobretudo pela determinação em buscar soluções firmadas num programa de governo, o prefeito e seu vice eram constantemente vistos juntos, como agora seguem. Elemar faleceu no dia 25 de março de 1993, e Rubem no dia 7 de julho de 1986. Em seus sepulcros, o caminho que os distancia na verdade os congrega unitivamente. Perguntado sobre essa convergência, Carlos Gruendling, filho do ex-prefeito Elemar e de dona Gertha, considera que “eles devem ter muita coisa para conversar”. Sim, dialogar, justamente pelas necessárias diferenças, continua sendo o caminho dos ganhos coletivos.
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