Esse ano teremos eleições municipais. Prefeitos e vereadores serão escolhidos pela população, muitos reconduzidos, com certeza. Regra geral, as eleições municipais se caracterizam por inexpressiva influência ideológica, predominando – como fator de motivação e seleção pelo cidadão – as questões e demandas locais, assim como as relações interpessoais e de interesses, vulgarmente ditas paroquiais.
Esse é o histórico. Entretanto, a depender do ex-presidente Bolsonaro (PL) e de Lula (PT), o atual presidente, a polarização (e o divisionismo social) será incrementada. Ou seja, a exemplo das eleições de 2022, será mais do mesmo, negativamente falando.
De parte de Bolsonaro, não haverá muito mais o que ouvir. Repetirá a lenga-lenga exaustiva e primária do anticomunismo e da degradação social. Detalhe: sob a bússola retórica dos grupos ditos religiosos.
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O mesmo vale ao presidente Lula. Exemplo expressivo de contradição entre promessa e conduta é seu refrão governamental, “União e Reconstrução”. Desde que assumiu, o que mais verbalizou foi um ataque sistêmico aos derrotados (em 2022), todos rasteiramente qualificados como bolsonaristas e golpistas.
Desde a sua eleição, Lula parece não compreender que a maioria dos eleitores de Bolsonaro não são bolsonaristas, nem golpistas. Assim como deduz-se que também não entendeu que a sua eleição foi por exclusão de Bolsonaro, graças ao eleitorado feminino, incomodado com suas grosserias.
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A mesma linha de raciocínio vale para compreender os votos de Bolsonaro, visivelmente majoritários e motivados pelo antilulopetismo e o liberalismo econômico. Dito de outro modo, tanto Lula quanto Bolsonaro, pessoal e ideologicamente, não têm o tamanho e a relevância que imaginam ter.
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Essa é uma compreensão racional e afastada das previsíveis narrativas das respectivas e fanáticas tribos (lulismo e bolsonarismo), o que, entretanto, não lhes retira poder de fogo e confusão.
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Se a pretensão de Bolsonaro e Lula se confirmar – federalizar o debate municipal, inevitavelmente “por baixo” – , resta saber como reagirá o cidadão na “boca da urna”, visivelmente cansado da pobreza representativa e da retórica inconsequente.
O crime compensa
Mais uma do ministro Dias Toffoli (STF). Ontem foi a JBS, hoje a Odebrecht. Monocraticamente, anulou provas e bilionários acordos de leniência (confissão e admissão de culpa dos acusados) na Operação Lava-Jato. Mas a democracia continua inabalada, dizem.
Na veia
Millôr Fernandes(1923-2012), em sua irônica frase, bem exemplifica o discurso e a hipocrisia reinante: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”!
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