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DISPUTA PRESIDENCIAL

Eleições 2022: na reta final, cenário está aberto

Lula mantém vantagem numérica, mas Bolsonaro cresceu na medida em que a pauta de costumes voltou ao centro da campanha

Com o acirramento crescente na reta final da corrida presidencial, analistas ouvidos pela Gazeta do Sul preveem uma votação apertada no próximo domingo, 30, possivelmente em patamares semelhantes ao pleito de 2014, quando Dilma Rousseff se elegeu com menos de 3 pontos de vantagem sobre Aécio Neves. Apesar de as pesquisas indicarem que mais de 90% dos eleitores já têm os votos consolidados, incertezas sobre fatores como abstenção tornam o resultado imprevisível.

Após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer o primeiro turno com 6,1 milhões de votos de margem sobre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), os levantamentos dos últimos dias sinalizam um estreitamento desta diferença. As variações ocorrem dentro da margem de erro e Lula mantém a liderança numérica, mas a avaliação é de que a agenda de segundo turno vem favorecendo o candidato do PL. Enquanto no primeiro turno o debate esteve mais voltado à política econômica, nas últimas semanas a pauta de costumes ganhou protagonismo, muito em função do engajamento de movimentos conservadores de direita e de igrejas neopentecostais.

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Conforme o cientista político Carlos Borenstein, da Arko Advice, a divulgação da carta aos evangélicos nessa semana é um indicativo de que a campanha de Lula está “em uma estratégia defensiva”. Além disso, a pauta anticorrupção, que é sensível ao candidato petista, também voltou à tona, sobretudo após a reaproximação de Bolsonaro com o ex-juiz Sérgio Moro, e houve uma melhora da avaliação positiva do governo. Por outro lado, indicadores como a inflação dos alimentos, que segue alta, pesam contra o atual presidente no eleitorado mais pobre. “Esse conjunto deixou o segundo turno acirrado, com Lula ainda em vantagem, mas uma vantagem que não é definitiva”, observa.

Na mesma linha, o diretor o Instituto Methodus, José Carlos Sauer, observa que, apesar de Lula aparecer à frente, o eleitorado bolsonarista possui uma capacidade maior de engajamento, o que torna a virada uma possibilidade real. “Deveremos acompanhar no próximo final de semana a disputa mais acirrada da recente história democrática brasileira, o que nos permite afirmar que hoje ambos estão habilitados a conquistar a vitória”, analisa.

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Já a diretora do Instituto Pesquisa de Opinião (IPO), Elis Radmann, entende que o cenário está aberto porque o eleitor “nem-nem” – ou seja, que não queria nem Lula nem Bolsonaro – está oscilando. Como ambos os candidatos têm apostado em um embate de rejeição, a tendência, segundo ela, é que este eleitor defina o voto na última hora, optando pelo que entende ser o “menos pior”.

Outros dois fatores também podem ter peso sobre o resultado da votação do próximo domingo: a mobilização das campanhas, tanto nas ruas quanto na internet, e um eventual “fato novo” que afete um ou outro candidato e seja explorado nas redes sociais e na propaganda eleitoral.

Quem será prejudicado com a abstenção?

Com o encurtamento da distância entre os dois candidatos, a abstenção pode, sim, ser decisiva para o resultado, de acordo com os analistas. Segundo Carlos Borenstein, os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, no primeiro turno, os eleitores com ensino fundamental e menor faixa de renda foram os que mais se abstiveram, o que tende a prejudicar o ex-presidente Lula. O segundo turno, porém, acontece próximo ao feriado de 2 de novembro, período em que muitas famílias dos segmentos de renda mais alta costumam viajar, o que poderia afetar Bolsonaro. “Não tem como precisar se a abstenção vai favorecer um lado ou outro. Só quando se apurarem os votos é que vamos conseguir perceber isso”, observa.

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José Carlos Sauer lembra que mulheres e jovens também são maioria entre os eleitores que se abstêm. Sauer classifica esse eleitorado, que inclui os que votam branco ou nulo, como “desalentados” e afirma que o fenômeno está ligado a um processo histórico de decepção com os políticos. “É correto afirmar que o desalento eleitoral, neste momento em que vivemos uma forte polarização, poderá ser o fiel da balança, impedindo inclusive a vitória de Lula, que é o candidato com maior identidade com esta parcela da população brasileira”, analisa.

Elis Radmann concorda que o eleitor que se abstém é um eleitor “descrente”, mas afirma que a abstenção está associada tanto ao público mais jovem quanto ao mais velho. “Nesse contexto, os dois candidatos perdem com isso. Bolsonaro perde votos entre o eleitorado com maior faixa etária, e Lula entre os mais jovens”, acrescenta.

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Última semana deve manter clima tenso

Diante do acirramento, a tendência é de que Lula e Bolsonaro sigam na estratégia de desqualificação na última semana de campanha, o que deve manter o clima belicoso da disputa. Um dos momentos mais aguardados é o debate final, que será realizado na sexta-feira, 28, na TV Globo. Conforme José Carlos Sauer, como a corrida avançou para o campo da ética, pequenos erros passam a ter um custo alto junto à pequena parcela de eleitores que ainda estão indecisos. “Uma palavra mal colocada em algum debate ou entrevista pode promover pequenas mudanças no ânimo do eleitor, com capacidade de modificar sua decisão de voto”, explica.

O horário eleitoral gratuito em TV e rádio vai até sexta-feira, 28, e a campanha encerra-se no sábado, 29. Para Elis Radmann, os fatores determinantes nessa reta final dependem do nicho do eleitorado. “O eleitor ideológico vai seguir as agendas dos candidatos, o eleitor pragmático vai analisar o debate, enquanto o eleitor esperançoso vai assistir aos comerciais, trocar ideias com familiares e amigos e decidir”, conclui.

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