Outro dia escrevi um texto publicado na Gazeta do Sul sobre o desapego. Analisando esta prática, contei que doei todos os meus livros para a Liga de Combate ao Câncer, quando ainda morava em Lajeado. Caminhar na Feira do Livro e ver a quantidade de opções disponíveis nas bancas, porém, é aguçar a vontade de comprar, de voltar para casa cheio de novas obras, mesmo que seja para lê-las e, novamente, doá-las. Folhear as páginas, sentir o cheiro, alimentar-me daquele conhecimento, viajar naquela história é o máximo.

Eis que, com toda a tecnologia e o chamado “mundo líquido”, o que se tem em mente é que o livro deixaria de existir, que os autores, com seus cabelos brancos, ficariam apenas nas histórias. A vontade de comprar as obras, de vivenciar as histórias pela imaginação estaria fadada ao término. Eis que, trabalhando no sábado à tarde, cobri o lançamento de As aventuras do menino do óculos azul. Foi escrito e ilustrado pelo não menos menino, mas com óculos cinza, Vicente Melchior Machado. Ele tem 9 anos. Saber que existe alguém com 9 anos, que lança sua segunda obra, me faz crer que o livro continuará a me fascinar. Vida longa ao livro! E parabéns ao Vicente!

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