Carregando cartazes e balões, gritando pedidos por justiça, amigos e familiares de João Omar Lenz, de 44 anos, e Anderson Micael Pereira Padilha, de 26, realizaram uma manifestação na tarde dessa quarta-feira, 13, em frente ao Fórum, em Santa Cruz do Sul. Os dois homens foram baleados por um policial militar na última sexta-feira, durante patrulhamento da Força Tática na Rua Guilherme Kuhn, Bairro Belvedere.
O primeiro faleceu em decorrência de disparos no umbigo, lateral do corpo e costas. Perdeu quatro litros de sangue e ainda teve o braço quebrado. Já o segundo, ferido com tiros na mão, quadril e dois nas costas que teriam ficado alojados e depois removidos, permanece internado no Hospital Santa Cruz (HSC).
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A versão sustentada pelos policiais militares que atuaram na ocorrência é de que estavam em frente à residência onde mora Lenz, conhecido pelos apelidos de Armeiro e Zé. Foi quando um PM teria visualizado um homem entrando em um corredor de forma apressada, o que gerou suspeita. Ao se aproximar para efetuar a abordagem, o indivíduo correu, mas foi logo alcançado.
Na sequência, João teria sido visto dentro da casa com uma arma de fogo em punho. Junto dele estaria Anderson, também portando uma arma. Nesse momento, um PM deu voz de abordagem, que não teria sido acatada. Conforme o policial, os dois que estavam no imóvel teriam feito menção de disparar contra ele e, para neutralizar a ação, respondeu efetuando disparos.
Para os familiares, João e Anderson foram atingidos pelas costas, sem esboçar qualquer menção de utilizar uma arma de fogo. Presente no ato, a mãe de João, Vanira de Olinda Lenz, 63 anos, estava bastante emocionada. À reportagem da Gazeta, ela contou que viu parte da situação e, mesmo tentando entrar na casa para socorrer o filho, foi impedida. “Da minha casa eu ouvi os estampidos dos tiros que deram nele. Fui lá fora e ouvi ele gritando, pedindo por socorro, e dizendo que estavam ‘furando’ ele.”
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Conforme a mulher, o filho foi trancado num cômodo, onde teria sido executado. “Ele gritava ‘mãe, estão me matando’. Eu implorei pra deixarem eu passar e ver meu filho, e um deles me disse que dali ninguém passava. Ele tinha os filhinhos dele, ajudava todo mundo, me disse que ia cuidar de mim até eu morrer, pois já sou viúva, e onde ele está agora? Morto”, disse a mãe. Pessoas que passaram no local prestaram apoio e aplaudiram a ação do grupo.
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“Meu pai era uma pessoa boa”, diz a filha
Thaisa Lenz, de 19 anos, que é filha de João e escreveu um poema para ele, foi a organizadora do movimento. “Nosso objetivo é pedir justiça. Lugar de policial bandido é na cadeia. Quero justiça, porque meu pai era uma pessoa boa, não fazia mal pra ninguém e não merecia isso. Ainda estou muita abalada, sinto falta dele. É muito doloroso o que estamos passando”, disse ela, que estava com uma camiseta e uma foto em homenagem ao pai.
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Bastante emocionada, a viúva de João Omar Lenz, Tamara Cristina Ferreira, de 41 anos, afirmou que a família não vai deixar ninguém abafar o caso. “A verdade vai vir à tona. Não queremos que isso aconteça com mais pessoas inocentes. Aqueles que deveriam servir à população não estão cuidando, estão matando. Meu marido era um pai de família, trabalhava de dia para comer de noite, e esse policial deixou duas crianças sem pai.”
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