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Ele esteve aqui

Entre outubro e novembro de 1959, Fritz Plaumann realizou coletas de insetos em Sinimbu e Santa Cruz do Sul. Conheceu o rio Pardinho. Seguiu para Venâncio Aires, Caxias e Erechim, retornando, então, para sua casa em Nova Teutônia, distrito do atual município de Seara, no oeste de Santa Catarina.

Morava em Nova Teutônia (Nova Alemanha) desde 1924. Sua família, empobrecida pela inflação que abalara a terra natal no pós-Primeira Guerra, aqui se lançou à agricultura, incluindo o cultivo do tabaco. A seguir instalou um apiário e agregou aos seus afazeres uma pequena casa de comércio. Tornou-se professor comunitário, contribuiu para o coral, tocava violino e harmônio.

Por possuir uma câmera fotográfica, era chamado para registrar os eventos familiares mais significativos da região. Todavia, foi a pesquisa, encetada com maior insistência a partir de 1931, que o mobilizou profundamente. Tudo na natureza lhe interessava, mas os insetos, especialmente as borboletas, o magnetizavam. Tanto que Seara passou a ser divulgada como a capital estadual das borboletas.

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Autodidata, Fritz Plaumann colecionou 80 mil exemplares de insetos, distribuídos em 17 mil espécies, das quais 1.500 até então desconhecidas. Ele tinha pressa, dizia que precisava perpetuar para o conhecimento das gerações futuras o registro da fauna e flora que vinham sendo destruídas pelo DDT e devastação florestal.
No terço final de sua vida, entristecido pelos entraves burocráticos impostos à sua pesquisa e remessas de coleções para o exterior, Plaumann se tornava cada vez mais solitário. Vez ou outra almoçava com alguma família da sua comunidade. “Se alegrava quando vinha aqui em casa. Senão, ficava com suas borboletas e bichinhos”, lembra Inga Müller, moradora de Nova Teutônia. “Ele só pensava em trabalhar. Foi uma pessoa muito boa”, acrescenta o professor aposentado Roque Braun, que o conheceu muito bem.
Cientista de campo (rejeitava os teóricos de gabinete), solitário e de parcos recursos financeiros, sem nunca ter cursado uma faculdade, Fritz se relacionou com pesquisadores de universidades e instituições internacionais. Manteve um diário e escreveu A origem da vida (1949). Plaumann acreditava numa força criadora e num universal plano estruturado. Ao final da vida (1902-1994) foi reconhecido e homenageado, nos legando o Museu Entomológico, que leva seu nome.

Agora, decorridos quase 63 anos de sua passagem por aqui, cabe perguntar o que ele diria sobre as tipuanas de nosso Centro. Por certo, assim esperamos, recomendaria que fossem respeitadas, mantidas saudáveis, em pé, e sobretudo vivas.

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caroline.garske

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