Confinado desde 20 de março dentro de casa, assisto a muitos filmes na tevê. O objetivo é aliviar o coração do noticiário que acompanho das 8 às 19 horas ou mais. A predileção é pela chamada “Franquia Chicago”, exibida todos os dias no Universal, um dos canais da NET.
O combo de filmes é formado pelas séries Chicago P.D. (ambientado em um distrito policial), Chicago Fire (que mostra a rotina de um grupamento de bombeiros) e Chicago Med (que relata o dia a dia hospitalar). A tríade permite conhecer como funcionam essas instituições, além de conhecer alguns hábitos americanos. No cômputo final, há semelhança e diferenças.
Entre as principais diferenças que me chamaram a atenção está a maneira como os norte-americanos encaram a morte. O que mais chamou a minha atenção é a cerimônia que antecede o sepultamento. A família enlutada reúne os parentes e os amigos para participar de uma generosa refeição, que inclui até bebidas alcoólicas.
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Posso imaginar a reação se essa cerimônia fosse adotada no Brasil. Teríamos uma guerra de opiniões, como atualmente acontece com qualquer assunto por aqui. Haveria raivosos defensores de ambos os lados. Faíscas de ódio e ofensas pessoais abundariam nas redes. Teríamos atos públicos e passeatas, apedidos em jornais e outras manifestações fanáticas.
Confesso que gostaria que o meu velório fosse daqueles dos filmes da série Chicago. Não poderia faltar música, a partir de uma playlist previamente elaborada por este que vos digita. Um churrasco cairia bem, mas daria trabalho para outras pessoas, o que é inadmissível. Além de retratar um ambiente de que gosto, permitiria as tradicionais piadas trocadas nessas ocasiões. Com música, comida e bebida, nada melhor que sorrir para lembrar o finado.
Como escrevi acima, o tema suscita polêmica. Morte é uma pauta desconfortável, jamais encarada com naturalidade. Vejo tanto sofrimento nos últimos tempos que considero saudável pensar no momento de “partir desta para uma melhor” com bom humor. Não me considero um obcecado pela partida. Pelo contrário.
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Gosto de fazer churrasco, reunir amigos e familiares, fazer imitações, passar trotes para dar boas risadas. Por que, então, não transformar a despedida em uma imensa confraternização? Talvez nessa ocasião ouça algum elogio sincero. Mas não vale aquele genérico, tipo “ah… ele era tão bom!”. Se elogiar, precisa citar os motivos e citar algum exemplo verdadeiro.
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