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“Ele disse que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém”, conta pai de jovem morta

O relacionamento conturbado de Júlia Graziela de Mattos Correa, de 19 anos, com o companheiro André dos Santos Nepomuceno, de 32 anos, teve um desfecho trágico nesse domingo, 5, em Venâncio Aires. A jovem, que foi morta a enxadadas nesse domingo, 5, sofria ameaças constantes do parceiro, que tinha ciúmes dela. “Ele ficava ameaçando por telefone, falando que voltaria e que se ela não fosse dele, não seria de ninguém. E eu acho que, com medo, ela voltou com ele, deixou voltar para cá”, conta o pai da vítima, Duarte Inácio Correa. 

Segundo ele, Júlia e Nepomuceno estavam juntos há quase quatro anos e tinham um filho de 3. As brigas teriam começado quando o casal se mudou para Montenegro. “Até para vir passear em casa, aqui em Venâncio, era um sacrifício. Às vezes nem dinheiro ele dava, nós que pagávamos a passagem para ela vir nos visitar no Natal e na Páscoa”, comenta o pai. 

Certo dia, no início de fevereiro, Júlia teria aproveitado que o companheiro estava trabalhando para voltar à terra natal, no Vale do Rio Pardo. Pegou alguns pertences e o filho e retornou à casa dos pais. De acordo com Correa, durante cerca de um mês, o acusado ficou morando em Montenegro, mas entrando em contato com a vítima por telefone, ameaçando voltar a Venâncio. No entanto, Júlia acabou cedendo e o parceiro foi morar com ela, em uma peça na propriedade da família da vítima. “Nos últimos dias, ele tava sempre brigando com ela por causa de ciúme. Ele não queria que ela trabalhasse.”

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No dia do crime, Correa diz que as brigas teriam começado cedo da manhã. Por volta das 13h30, o pai da vítima foi até a casa dos dois e ameaçou o genro, para que encerrasse as discussões. “Mas ele disse que já tinham se acertado.” O sogro foi para casa descansar e acordou com os gritos de um dos filhos, alertando que o casal teria voltado a brigar. “Fui lá fora e chamei a atenção dele. Até peguei um facão e disse que era para brigar com um homem e não com a guria. Mas, então, ele pegou uma enxada, do lado do portão, e me grudou”, relata. 

Depois de atingir o sogro, Nepomuceno teria acertado também um dos cunhados, mas o jovem conseguiu fugir. “Ele deixou o guri e foi atrás dela”, diz o pai. Júlia teria corrido e, quando foi alcançada, o companheiro a atingiu com a enxada na nuca. “Ela caiu e ele continuou batendo. Matou na hora”, conta Correa. O acusado fugiu depois do crime e foi encontrado enforcado na manhã desta segunda-feira, em um mato nos fundos da propriedade onde aconteceu o assassinato. 

O homem lamenta que a filha não tenha se protegido. Ele diz que já teria pedido para que denunciasse o companheiro na delegacia e que mostrasse as mensagens com ameaças para a Polícia Civil. “Mas ela só dizia para ele ir embora, que não queria que ele fosse preso.” Para Correa, a falta de policiais também teria contribuído para a tragédia. “Logo que começou a briga, pelas 14h40, eu liguei para a Brigada, mas ninguém apareceu. A guria ficou caída na chuva uma hora e meia, até que chegou a Brigada e a Civil. Se tivessem vindo mais cedo, não teria acontecido isso.”

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A capitã Michele da Silva Vargas, da Brigada Militar de Venâncio Aires, esclarece que uma viatura foi deslocada para o local no momento do chamado. Ela explica que a localidade fica a dez quilômetros do Centro e que chovia forte no momento. “Temos GPS nas viaturas e pode ser verificado o percurso e o tempo de deslocamento”, afirma. Michele acrescenta que vai buscar auxílio à família com atendimento psicológico.

Foto: Lula Helfer
Corpo de Júlia foi velado nesta segunda-feira

 

O que diz a Polícia 

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De acordo com o delegado Felipe Staub Cano, em entrevista à Rádio Gazeta, a perícia feita no local aponta que foram desferidos de dois a três golpes na parte posterior da cabeça de Júlia. Depois de ter agredido e matado a jovem, Nepomuceno teria fugido em direção aos fundos da casa onde há uma plantação e um matagal. Segundo o delegado, testemunhas disseram que ele teria levado uma corda e dito que se mataria. Durante as buscas nesse domingo, a polícia não localizou o homem. Já na manhã desta segunda-feira, 6, após novas buscas, ele foi encontrado enforcado, confirmando a ideia de suicídio. 

Segundo o delegado Felipe Staub Cano, o caso está praticamente resolvido. “Aguardamos a  perícia do local que foi feita nesse domingo, a perícia de necrópsia dos dois e também precisamos tomar a termo o depoimento das pessoas com as quais conversamos informalmente ontem (domingo), para encaminharmos um procedimento técnico ao Poder Judiciário”, explica.

Nepomuceno tinha antecedentes policiais por violência doméstica em outra cidade do Estado, onde ele residiu com outra pessoa. “Com essa moça ele nunca teve ocorrências registradas junto à Polícia. Ou seja, essa menina nunca procurou os meios policiais para noticiar fatos envolvendo violência doméstica. Fica aí até um alerta para que as pessoas que presenciam e têm conhecimento de violência doméstica procurem as autoridades para que a gente possa, em uma fase inicial, tentar estancar esse tipo de violência e não acabar em um desfecho como esse”, comenta.

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