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Elas: Fátima Alves da Silva cumpre missão que começou na infância

Desde muito cedo, Fátima Alves da Silva sempre soube o verdadeiro significado da palavra ajudar. O que não imaginava é que o suporte que recebeu em um período difícil de sua vida se multiplicaria no futuro, e ela poderia retribuir muito mais do que o dobro. A trajetória de Fátima se mistura com a bagagem que traz das experiências que viveu e das ações que realizou e realiza pelo próximo. “Sempre fui de ajudar, independentemente de qualquer coisa, em qualquer situação”, disse, emocionada. E é justamente essa vivência pelos bairros de Santa Cruz do Sul que ela pretende levar para a nova gestão municipal a partir de 1º de janeiro de 2025, como primeira-dama do município.

Fátima nasceu em Iporã do Oeste, em Santa Catarina. Aos 3 anos, junto com os pais, Sebastião e Valdeni, e os irmãos, rumou ao interior do Rio Grande do Sul em busca de novas oportunidades. Apesar de ter nascido no estado vizinho, Fátima foi registrada em Barros Cassal, primeira parada dos Alves da Silva em solo gaúcho. Depois, eles fixaram residência em Santa Cruz do Sul. Por isso, boa parte da história dela se desenrolou no bairro hoje chamado de Faxinal Menino Deus.

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Com 12 filhos – nove homens e três mulheres, dois deles já falecidos –, os pais trabalhavam em fumageiras e se dedicavam à agricultura. Embora o cenário onde viviam fosse de muita simplicidade, sobrava união e amor. Por um período, uma casa de lona os abrigou. Mesmo assim, jamais alguém passou frio ou fome. “Muita gente nos ajudava.”

Em meio às brincadeiras na infância, como subir em árvores e brincar de pega-pega, aos 9 anos, Fátima cuidava dos irmãos menores e fazia comida. As recordações da escola são de uma aluna estudiosa, elogiada pelos professores. Aos 14 anos, ela teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez como auxiliar de produção em uma empresa de biscoitos e bolachas da cidade. “Queria trabalhar para ajudar em casa.”

Dona de uma personalidade forte, Fátima sempre defendeu suas ideias. Depois de se formar no Ensino Médio, cursar Direito chegou a ser uma opção, mas a decisão final foi pelo curso de Educação Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “É uma área que me fascina muito.” Hoje, Fátima atua como tesoureira do Partido Liberal (PL). Ela ainda tem no currículo o trabalho como vendedora e professora de Educação Física.

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Os irmãos dela permanecem em Santa Cruz do Sul. Entre eles há pintores, pedreiros e um policial rodoviário federal. Já a irmã tem uma escolinha de Educação Infantil. “Todos foram à luta”, afirma, com orgulho.

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Longa caminhada

Hoje, aos 46 anos, a essência da menina de cabelos longos e pretos, que conheceu o real sentido de dar a mão a quem mais precisa, se mantém. E ela olha para o presente com olhos de gratidão. Nessa trajetória, somam-se ensinamentos e acontecimentos que impulsionaram a escolha de ajudar. Ainda como estudante na Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich, o Polivalente, ela participou de um projeto em que pessoas da comunidade eram convidadas a apadrinhar crianças carentes. A madrinha de Fátima a ajudava com alimentos, roupas e material escolar. “Talvez venha daí muito da minha veia ‘do social’, porque fui muito ajudada.”

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Os princípios do pai, já falecido, também a motivaram e ela os considera como exemplo até hoje. “Saber dar valor, dividir o pão com quem mais necessita”, relembra ela, dizia o patriarca. Mesmo vivendo em uma realidade modesta, eram justamente as pequenas coisas que faziam toda a diferença. Entre as lembranças que carrega com extremo carinho estão as bolachas “pintadinhas com açúcar colorido”, as cucas e o porco assado no Natal feitos pela mãe, hoje aposentada. “Era tradicional.” Fátima destaca, em especial, o aprendizado de cozinhar adquirido com a matriarca da família. “Gosto de cozinhar, não importa se para pouca ou muita gente.”

Fátima não sabe explicar em palavras a sua relação com a área social, embora o compromisso de ajudar o próximo sempre tenha feito parte do seu cotidiano. “Saí de um lugar muito humilde. As pessoas falam para mim: ‘Nossa, você não mudou nada’”.

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Em defesa da vida

Ajudar o outro sempre foi o propósito de Fátima. Junto com o esposo, o prefeito eleito de Santa Cruz do Sul, Sérgio Moraes, isso se intensificou. Unidos pelo mesmo objetivo, a responsabilidade social, a parceria se tornou uma caminhada. E assim como leva consigo o legado que aprendeu com os pais, Fátima diz se inspirar no exemplo de Sérgio, o qual se baseia no seguinte pensamento: “O dia em que resolvi dividir o pouco que tenho, nunca mais me faltou.”

À frente da presidência da Associação de Proteção à Vida (Aprovi), uma sequência da Associação Feminina de Amparo à Vida (Afavi), Fátima e sua equipe são responsáveis por ajudar muitas pessoas de forma voluntária. A entidade é apartidária e conta com pelo menos cem aprovianos e aprovianas comprometidos em prol do mesmo bem comum. Os pedidos de auxílio em saúde são carro-chefe.
Dentre as tantas ações da Aprovi em parceria com outras instituições, Fátima recorda de uma em especial, que tocou o coração de muitos gaúchos, o da menina Júlia Cardoso Torres, por meio da campanha Ame Juju. “Emoção para todo lado”, define.

Durante a gestão municipal, Fátima vai deixar a presidência da Aprovi, o que não irá interferir na continuidade do trabalho social que realiza. “Sou aproviana e uma formiguinha solidária, nada vai mudar.”
Apesar de não ser mãe biológica, os cinco filhos da irmã dela, para os quais foi presença constante desde que nasceram, são considerados “filhos do coração”. E dentro desse coração ainda cabem “os tantos outros que nós ajudamos”, complementa.

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Planos

Em relação ao futuro nos próximos quatro anos Fátima sabe, apenas, que será a primeira-dama de Santa Cruz do Sul. Ainda não há detalhes sobre as funções que irá exercer. “É uma incógnita até o dia 1º de janeiro de 2025”, brinca. Porém, já há planos. Um dos sonhos que almeja realizar é o de unir as entidades sociais em ações conjuntas para uma meta em comum. “Por que não trabalhar em conjunto se o intuito é o mesmo?” Da mesma forma, estão entre suas intenções a criação de um lugar específico para os idosos com atividades voltadas a eles, e um olhar atencioso e diferenciado para o atendimento aos pais de crianças autistas.

Para além do social, Fátima sempre esteve envolvida na área da política. Como primeira-dama, ela pretende se manter focada e dedicada às demandas do governo municipal junto com Sérgio. “Quando recebo alguma missão, me dedico de corpo e alma.”

E quando o tema é uma possível candidatura a algum cargo político eletivo, Fátima responde com seu lema de vida: “O que é para ti, não faz a curva. Então, deixo para o mundo resolver”. Mesmo que as pessoas a indaguem a respeito e até a projetem como vereadora, por exemplo, ela admite que não é algo que esteja buscando. Ao mesmo tempo, não descarta a possibilidade. Por enquanto, Fátima segue feliz pela trajetória e com muitos motivos para agradecer. “Sou muito grata a Deus por ter sido ajudada e, hoje, poder retribuir essa ajuda.”

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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