A mudança de emprego, apesar de continuar atuação no mesmo ramo, gera uma série de situações. O trabalho é o mesmo: noticiar. O método e a forma, no comparativo com a antiga empresa, podem ser diferenciados, mas, via de regra, a ideia é semelhante: levar o maior número de informações, de forma clara, objetiva e útil, para quem estiver lendo o impresso ou o virtual, ou ouvindo pelo rádio. Não se pode ignorar, porém, o fato de que é uma região diferente, são pessoas desconhecidas, nomes estranhos ao seu convívio – a bagagem parece estar liberada para receber mais conteúdo.
Não é mais o Marcio Souza, conhecido de quase todos, que tinha formado um conceito na sociedade. É mais um repórter, o novato na firma, apesar de, em idade e tempo de serviço, estar entre os mais antigos. É o momento de o jornalista vindo do Vale do Taquari trocar os ares, trocar o rio – do Taquari para o Pardo –, trocar a morada.
Você estar em uma cidade diferente é uma experiência no mínimo interessante, desafiadora, instigante. Conhecer as ruas, entender os nomes, passar pelo processo natural de adaptação é preciso. Esta é a prova inicial para testar a sua capacidade longe de amigos e, em especial, distante da família. Foi-se o tempo da comidinha da mamãe, do cafuné da irmã, do generoso aperto de mão do pai, do carinho crush, da parceria dos amigos cotidianos. Eita coisa boa que fica no passado.
Aqueles que te apoiam, que te oferecem o ombro, quando necessita, ou mesmo os que estão prontos para comemorar as suas vitórias parecem tão longe, que deixam de fazer parte de sua vida. Novos rostos, novas personalidades, novas parcerias, quem sabe, logo surjam. Tudo é novidade, é experiência inédita, é inesperado. Contudo, durante a rotina do trabalho – se é que pode se chamar de rotineira a função que permite estar em um lugar diferente em cada dia, tendo contato com pessoas e histórias ímpares – tudo é normal, comum, parecido, coisas que você já vive, mas que ainda encantam, resultado da paixão por esta profissão, o jornalismo.
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O diferencial surge com o desaparecimento do sol. À noite, quando você retorna para seu apartamento e olha aquela cama enorme, sua comida por fazer, a louça para lavar, aí é que muda. Então, ela está lá. Todos os dias uma face diferente, mas sempre poderosa, rigorosa; às vezes, gostosa, geralmente, temerosa. É quente ou é fria e acompanha você durante toda a noite, atrai e deprime, faz sorrir, chorar, gemer, mesmo sem dor. O que fazer com ela? Qual o passo certo a se dar? A solução é ir para o banheiro, encarar o espelho e dizer que você pode, que é capaz, que tem vontade e capacidade para saciá-la, desfrutá-la, fazer da sua estada com ela a mais comum, simples e indolor de todas. Após isto, passar para outra. A fila anda.
Não há dúvida de que ela também é derrotável e que podemos dobrá-la ao nosso interesse, fazendo com que ela seja dominada, humilhada, transformada em motivo de gozação. Ao mesmo tempo, não há dúvida de que ela é um dos nossos maiores males. Ah, maldita solidão!
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