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Educado, playboy e goleador: a vida do líder do tráfico na cidade

Cássio foi preso na operação cúpula | Foto: Reprodução

Preso no início da manhã desta sexta-feira, 18, em um triplex avaliado em R$ 1 milhão, Cássio Alves dos Santos, de 30 anos, chegou escoltado na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), de Santa Cruz do Sul, perfumado e usando roupa de marca. A camiseta era uma Calvin Klein. No lado de fora, apreendido na Operação Cúpula, um automóvel Cruze que no mercado não é vendido por menos de R$ 60 mil. Aparentemente calmo, conversou com policiais em voz baixa e se dirigiu tranquilamente ao encontro do advogado, que o aguardava no lado de fora da sala.

As últimas horas de Cássio Alves dos Santos antes de voltar para a prisão são um resumo da vida recente do que é apontado pela Polícia Civil como o braço-direito de Chapolin, o líder da facção Os Manos na região e que está na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Na ausência de Chapolin, Cássio era o gerente do tráfico em Santa Cruz. Para tentar despistar a polícia e, ao que tudo indica, lavar dinheiro do crime, mantinha uma distribuidora de bebidas na esquina das ruas São José e Gaspar Bartholomay, na ligação do Centro com o Bairro Bom Jesus, onde era a mais recente celebridade. “Ajudava todo mundo. No fim do ano fez uma festa para a criançada”, contou um amigo, sob condição de anonimato.

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Cássio transitava muito bem desde as mais humildes casas do Bom Jesus até as mais sofisticadas mansões de condomínios de luxo de Santa Cruz. Tinha vida de playboy e conquistava seus interlocutores pela educação e sorriso fácil. Antes do triplex de R$ 1 milhão, morou um tempo num amplo apartamento da Avenida do Imigrante, um dos metros quadrados mais caros do Centro.  “Era uma pessoa acima de qualquer suspeita. Quem não sabia do passado dele, jamais diria que era envolvido com o crime”, comentou outro conhecido, surpreso com a dimensão do “trabalho” de Cássio na facção.

Duas semanas atrás almoçou com a namorada na melhor churrascaria de Santa Cruz. Andar perfumado e bem alinhado mas, ao mesmo tempo, sem chamar atenção era o estilo do rapaz visto como um bem-sucedido empresário local. Educado, ao levantar para ir embora depois de saborear um espeto corrido flanou por entre as mesas para desejar bom 2019 a um amigo. A mãe do empresário estava junto e Cássio a cumprimentou com uma fineza rara nos dias de hoje. “Quem é esse rapaz educado”, quis saber a senhora, que só frequenta as melhores rodas de Santa Cruz. Para evitar frustrações na hora do almoço, o filho desconversou.

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Cássio teve uma infância humilde, como a maioria da criançada que cresce no eixo entre os bairros Bom Jesus e Schulz. Mas sempre teve pai e mãe por perto. “Não era uma família desestruturada. Estava aqui pensando onde será que foi o erro que o fez ir para o outro lado”, comentou, no início da tarde, um amigo de Cássio dos tempos da escola. “Recentemente conversei bastante com ele. Mas não tinha mais saída. No ponto que ele chegou só há dois lados: a prisão ou a morte”, acrescentou. Segundo o amigo, Cássio tem pai, mãe e irmã, com quem mantêm ótima relação.

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Aos 8 anos entrou para uma escolinha de bairro. Começava ali uma das paixões do rapaz: o futebol. Ao ser preso nesta sexta-feira, tentou justificar que o dinheiro para bancar a vida boa vinha da compra e venda de passe de jogadores. Não há provas disso. O que se sabe é que Cássio ajuda a bancar equipes do esporte amador – e festas animadas da torcida. A marca de sua distribuidora aparece na camiseta do Bom Jesus, time tradicional da várzea santa-cruzense.

Em campo, Cássio joga de centroavante, onde costuma fazer gols. “É bom jogador”, garante um participante do fortíssimo campeonato de futebol sete do Clube União Corinthians, frequentado por centenas de pessoas de classes média e média-alta da cidade. No fim de 2018 jogou pelo Old Boys, equipe campeã da categoria principal. No meio do ano fez o gol decisivo do Bom Jesus na final do Campeonato Regional de Aspirantes contra o Boa Vontade. Na final da Copa Cidade marcou contra o Belvedere, levando a decisão para os pênaltis – com placar de 7 a 6, o Bom Jesus ergueu a taça.

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O perfil sem suspeita de Cássio o favoreceu nos últimos meses, quando foi designado por Chapolin para cuidar dos negócios da facção Os Manos em Santa Cruz. Os dois haviam se conhecido na cadeia, no tempo em que Chapolin não tinha a força de hoje – mesmo estando longe. Cassinho, como era chamado pelos mais íntimos, era homem de confiança da organização que, com a prisão desta sexta, vê sua estrutura profundamente abalada na região.

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