O curso de Educação Física da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), de segunda a sexta-feira, desenvolve o projeto Autismo: realidade e possibilidades através da Educação Física. Crianças, adolescentes e adultos portadores de autismo, acompanhados de pais e resposáveis, participam das atividades gratuitas e misturam exercícios e brincadeiras que estimulam o raciocínio, o contato físico e a convivência social.
Coordenado pela professora Sâmara Bittencourt Berger, o projeto conta com a participação de 38 pessoas, divididas em dois grupos. “Nas segundas, quartas e sextas realizamos atividades na piscina e nas terças e quintas, no ginásio da Unisc”, aponta Sâmara. Além dos benefícios proporcionados aos autistas, os encontros também possibilitam a troca de informações entre os familiares. “Conversamos bastante e dividimos o nosso conhecimento. Esses momentos nos ajudam a lidar com o autismo e fazem muito bem para as famílias e para os autistas”, afirma a fundadora da Associação Pró-Autismo Luz Azul, de Santa Cruz do Sul, Neca Magalhães Braz.
Ela e o esposo, Hugo Braz, acompanham o neto Henrique, de 11 anos, portador de autismo, nas atividades do projeto. “Os estímulos dados ao cérebro com atividades físicas são muito maiores e os autistas só têm ganhos, tanto no desenvolvimento escolar quanto na convivência familiar”, ressalta Neca. De acordo com ela, Henrique apresenta grande evolução desde que começou a participar do projeto. “Hoje ele faz coisas que não fazia antes, como andar de bicicleta, de patins e de skate”, observa.
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Quem também está evoluindo de forma satisfatória é a pequena Inayá, de dois anos. Junto com os pais, ela viaja duas vezes por semana de Candelária a Santa Cruz do Sul para frequentar o projeto. Segundo a mãe, Mariéle Gomes Gross, a menina dormia mal durante a noite e, após os primeiros exercícios na piscina da Unisc, passou a ter um sono tranquilo. “As atividades motoras e sensitivas contribuem bastante para o desenvolvimento dela, até mesmo na questão do equilíbrio, que está relacionado à comunicação”, salienta Mariéle, explicando que a filha ainda não fala.
Ela conta que, quando soube que Inayá é autista, não sabia onde procurar ajuda, até que descobriu o projeto desenvolvido pelo curso de Educação Física da Unisc. “Não encontrei nada parecido na rede pública. Além disso, o SUS não cobre o tratamento de um autista, é tudo particular. Nesse sentido, faltam oportunidades para atendimento, divulgação e apoio de autoridades políticas aos autistas e às suas famílias”, comenta Mariéle.
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