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Educação começa em casa

Tipos raros esses gaúchos campeiros que, com sua lealdade, floreiam este Rio Grande. Sim, os campeiros já foram cantados em prosa e verso por muitos. Até me lembro de uma canção que tirou um prêmio com o Nenito Sarturi e que diz “dom Ponciano cuida da tropa mais que o dono”.

Queria dar mais dois exemplos:

a) no interiorzão, na campanha, o ônibus deixa os campeiros na beira do asfalto com suas compras que foram fazer na cidade. Daí, às vezes, eles têm que caminhar alguns quilômetros. Muitas vezes parei para dar carona aos viventes. Relutavam, não queriam incomodar, queriam tirar as botas, queriam ir na carroceria. Até que os convencia a entrarem e sentarem ao meu lado;
b) quando morei em Santiago, minha casa ficava no Centro e bem na frente havia uma parada de ônibus. Só eu sei como faz calor em certos dias de verão por lá. E as pessoas ficavam esperando e esperando debaixo daquela “lua”. Comprei um banco bem bonito de cimento, coloquei na calçada, junto à parada e ainda puxei uma torneira de água até a cerca de ferro, para que fossem se refrescando.

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Pois não é que as pessoas não se sentavam e nem usavam a torneira?

Fui até um grupo que estava na parada:
– Por que vocês não se sentam no banco e não usam a torneira para beber água?
– Porque o banco não é nosso e a torneira está no seu terreno.

Bem assim, com toda simplicidade.

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Sim, isso ainda acontece no Brasil simples. Onde ainda há vergonha. Conto isso porque de uns tempos para cá a boa educação está desaparecendo, não no campo, nem nas vilas, nem nas pequenas cidades. Nesses lugares todos se conhecem, prestam auxílio na hora que o vento derruba as telhas, levam o vizinho doente ao hospital.

O que piora de alguns tempos para cá é a pouca vergonha na cara de algumas autoridades. Em todos os setores, sem exceção. Eu sempre brinco com meus amigos mais chegados dizendo: esse aí não dá nem para convidar a um churrasco, porque é certo que vai querer “mexer” com minha mulher ou minhas filhas. Apesar de ser uma alta autoridade, vai usar palavrão para mostrar como é “interessante”.

E a que se pode debitar tudo isso?

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Respondo sem pestanejar: é a falta de berço e de boa educação. É o que quase desapareceu. Não é o dinheiro que nos faz decentes. São os fundamentos básicos que se aprende no lar.
Hoje, o que se vê é lamentável.

Daí que o único caminho que nos pode encaminhar a uma civilização ao menos normal é a educação. Sim: as grandes civilizações, que hoje são festejadas, tiveram um período muito duro para colocar as coisas no trilho.

VEJA MAIS TEXTOS DO COLUNISTA RUY GESSINGER

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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