O desempenho da economia brasileira em 2023 tem surpreendido até os mais otimistas. O País começou o ano com projeção de ficar com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 1%, mas já se cogita uma evolução que pode chegar perto de 3%, de acordo com o mercado, e até superar esse índice, conforme o governo.
O indicador positivo é baseado em situações que vêm sendo confirmadas, como a inflação mais controlada e o reinício da série de baixa da taxa básica de juros, que já reduziu um ponto percentual nas duas últimas reuniões do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom).
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Além disso, na prática, também tem sido percebida evolução, como o fato de o PIB ter crescido 0,9% no segundo trimestre em comparação com o período anterior. Foi puxado pela indústria (0,9%) e pelos serviços (0,6%). Não foi ainda maior porque a agropecuária teve uma redução de 0,9%, mas está nesse setor um dos fatores que elevarão o desempenho nacional no ano.
A economista Cíntia Agostini reforça que o fator interno para que se confirmem os índices mais positivos é, justamente, o agronegócio. “Teremos uma supersafra de grãos, apesar da nossa dificuldade aqui no Sul, mas o país terá uma boa safra, o que é muito bom, pois o grão é nosso maior produto de exportação. Assim, vamos vender bem os grãos e o índice de confiança do empresariado sobe”, afirma.
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O presidente da Associação Comercial e Industrial Santa Cruz do Sul (ACI), César Cechinato, reforça a explicação de Cíntia sobre o desempenho. “Havia um pessimismo no início do ano, com projeção de 0,5% para o PIB, mas a agropecuária deu um forte impulso ao crescimento, principalmente com as colheitas de soja e de milho.” Acrescenta que o tabaco, produto de destaque da região e do Rio Grande do Sul, continua apresentando um ótimo desempenho nas exportações.
Com essas situações postas, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda elevou, na segunda quinzena de setembro, de 2,5% para 3,2% a projeção de crescimento do PIB.
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Os números da economia são alimentados por projeções e fatos consumados. Enxergar a possibilidade de crescimento do PIB é avaliar o cenário nacional e suas implicações, como o bom desempenho da agropecuária, e questões como a retomada do crescimento da China, principal parceiro econômico brasileiro.
Segundo o Ministério da Fazenda, a revisão foi motivada pelo crescimento de 0,9% do PIB; pela expectativa de resultados positivos no terceiro trimestre e pela eventual recuperação da economia chinesa no quarto trimestre. As projeções de crescimento neste ano melhoraram para todos os setores. Para o agronegócio, a projeção passou de 13,2% para 14%.
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“Alguns aspectos são importantes para o bom crescimento nacional, como os bons números da economia chinesa. Apesar de o conflito Rússia/Ucrânia não ter se resolvido, o mercado se ajustou a ele e tem dado conta”, enfatiza Cíntia Agostini. Ela explica que todos os mercados influenciam-se e o Brasil acaba influenciando sobretudo os seus vizinhos na América Latina, por ser uma grande economia local. Por isso, reforça, é preciso que seja feita a lição de casa.
A segunda redução da taxa de juros, que estimula o crescimento econômico; o ajuste fiscal e toda a mudança proposta pelo arcabouço fiscal, que foi aprovada, são considerados pontos positivos. A expectativa da reforma tributária, afirma, também está no bojo dos condicionantes que podem representar melhores números.
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Há uma preocupação, no entanto, quanto aos gastos do governo. A questão fiscal da administração pública é considerada um ponto importante. “Mas tudo indica que o que era preciso fazer (por exemplo, a queda de juros e algumas políticas econômicas) tem sido feito, e isso é positivo”, pondera. Cita a confiança do empresariado, que apareceu acima de 50% no segundo semestre.
Cechinato também vê uma razoável disciplina fiscal, somada à contínua redução dos juros e às reformas, aliviando o endividamento das famílias. Isso cria condições para que todos os setores da economia regional, com forte presença no mercado interno, tenham expressivo crescimento do faturamento.
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O Brasil consegue, assim, acompanhar o mundo. “Há questões como a guerra, que não se resolveu, mas o mercado se ajustou; como dar conta da inflação e o aumento das taxas de juros no mercado internacional foram se ajustando, e isso mostra o segundo semestre melhor do que o primeiro”, projeta Cíntia.
No comparativo com igual período de 2022, de acordo com o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 3,4% no segundo trimestre. A agropecuária vem apresentando expressivo desempenho, com evolução de 17% em relação ao ano anterior. A indústria ficou 1,5% acima do que foi apurado, com destaque para o segmento extrativo, que conquistou o melhor resultado, somando 8,8%. A transformação teve sua segunda queda consecutiva: -1,7%.
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