Estamos a poucos dias do Natal, data em que se celebra o nascimento do menino Jesus para os cristãos. Não é à toa que o nascimento de uma criança representa a alegria, a esperança e o amor que emanam de uma nova vida, pois é dela que mantemos nossa espécie e, por que não, nossa imortalidade.

Gostaria de estar escrevendo sobre como nossas expectativas são depositadas num serzinho de quase 50 centímetros e pouco mais de 3 quilos. Tantos sonhos, tantas possibilidades. Frágil e inocente. Sem cuidado, morre. Sem investimento afetivo e nutricional, não desenvolve. Sem o amor de Maria e de José, nem Jesus sobreviveria. Mesmo Deus, os Três Reis Magos e a estrela cadente não conseguem substituir bons cuidados parentais.

Pois nesta data que celebra o amor, estamos diante de monstruosidades tão grandes que fazem um misto de raiva, incredulidade e choque virem à tona. No assassinato do pequeno Enzo, de 2 anos, e no abuso sexual de uma menininha de 6 anos vemos toda maldade, insanidade e tudo de ruim que um ser “humano” pode fazer.

Infelizmente a violência sofrida por crianças não é rara. É muito mais comum do que gostaríamos de pensar. Seja morte, maus-tratos, negligência ou abuso sexual, milhares de crianças sofrem nas mãos daqueles que deveriam protegê-las, cuidá-las e amá-las. Por mais estarrecedor que possa ser, os maiores causadores destes sofrimentos nas crianças são familiares (principalmente não sanguíneos) ou amigos próximos.

Muito comumente isto é testemunhado de forma conivente por outros familiares, que por medo, passividade ou doença mental não tomam providência. Até porque muitas vezes também são vítimas da violência. Transtornos mentais não tratados ou mal tratados aumentam o risco de agressividade e violência. Muitos abusadores foram abusados no passado, gerando mais doença, que acaba perpetuando um ciclo de horror. E as drogas como cocaína e álcool só pioram a desgraça.

Penso ser importante neste momento de tanta indignação deixar claro que ter transtorno mental não significa que seremos violentos, pois a maciça maioria não o é. Muito menos que fazer tratamento deixa a pessoa louca. Bem pelo contrário. Fazer o tratamento adequado e utilizar as medicações corretamente salvam vidas. A própria e de quem está na volta.

É muito triste falarmos sobre isso, mas se faz necessário. Até para que mais pessoas denunciem e tomem providências para proteger nossos pequenos. É triste ver o Natal ser esmaecido pela violência. Muitas crianças recebem a escuridão ao invés da luz. É o eclipse do símbolo natalino.

Sei que o ensinamento cristão nos ensina o perdoar. Mas há situações em que o Inferno parece pouco e nenhum castigo parece ser suficiente. Matar ou abusar covardemente de anjos indefesos não tem perdão.