Ao alto, a bandeira com as cores vermelho, branco, verde e preto tremulava, sábado pela manhã, na Praça Getúlio Vargas, no centro de Santa Cruz do Sul. No rosto de dezenas de pessoas, transpareciam a tensão, o receio e, ainda mais forte, duas certezas: é preciso instalar-se a paz no Oriente Médio e dar liberdade ao povo palestino.
Essa é a segunda vez que santa-cruzenses vão às ruas para demonstrar contrariedade à forma como está sendo conduzido o novo conflito entre israelenses e palestinos, em especial, na Faixa de Gaza. O movimento foi organizado pelo Fórum Democrático das Classes Trabalhadoras de Santa Cruz do Sul e o Comitê em Defesa do Povo Palestino.
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Integrante do Fórum, João Carlos Heissler defendeu o respeito à demarcação de território, à vida e pediu paz. “São mais de 11 mil mortos, em especial crianças; são pessoas sem água, alimentação, internet; é um campo de concentração como se viu na Segunda Guerra”, ressaltou.
De acordo com Heissler, são mais de 13 milhões de palestinos no mundo, estando cerca de 2,6 milhões cercados em Gaza – um território que representa em área metade de Santa Cruz – pelo exército israelense. Ele lamenta a situação, assim como fica constrangido com o preconceito dos brasileiros. “Há represália aos palestinos, porque aqui há uma divisão muito grande.”
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Natural de Santa Cruz do Sul, mas com origem no Oriente Médio, tendo irmãs, primos e tios na Cisjordânia, Mohamad Mustafá Ali demonstra preocupação com seu povo e seus familiares. “Na Cisjordânia já há restrição de circulação, prisão de reféns, inclusive crianças, e estão estocando água e alimentos, porque acreditam que o conflito chegará lá”, contou.
Mohamad defende que é preciso seguir a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948. Desde lá, são 48 resoluções que não estariam sendo respeitadas pelo governo de Israel. “É preciso sentar à mesa e acertar a situação. Não há dois tipos de gente. Todos somos iguais. Precisamos de paz e de uma democracia laica.”
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Outras iniciativas como a realizada na manhã de sábado ocorrerão em Santa Cruz do Sul, onde vivem, acredita Mohamad, cerca de 40 descendentes de palestinos. Os atos são abertos a todos que defendem a paz e a união dos povos.
Entre sexta e sábado, os hospitais em Gaza estiveram sob bombardeios implacáveis. O complexo hospitalar de Al Shifa, a maior unidade de saúde onde a equipe da organização Médicos Sem-Fronteiras (MSF) ainda trabalha, foi atingido diversas vezes, inclusive nos departamentos de maternidade e ambulatório, com múltiplas mortes e pessoas feridas.
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As hostilidades em torno do hospital não pararam. Equipes do MSF e centenas de pacientes ainda estavam no sábado à tarde dentro do hospital Al Shifa.
O MSF reitera urgentemente o apelo pelo fim dos ataques contra hospitais, por um cessar-fogo imediato e a proteção das instalações médicas, do pessoal médico e dos pacientes. “Estamos sendo mortos aqui, por favor, faça alguma coisa”, escreveu um enfermeiro do porão do hospital Al Shifa, onde ele e sua família se abrigavam dos incessantes bombardeios. “Quatro ou cinco famílias estão abrigadas agora no porão; o bombardeio está tão perto que meus filhos estão chorando e gritando de medo.”
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“A situação em Al Shifa é verdadeiramente catastrófica. Apelamos ao governo israelense para que cesse este ataque implacável ao sistema de saúde de Gaza. Nossa equipe e pacientes estão dentro do hospital Al Shifa, onde os bombardeios pesados não pararam desde sexta”, disse Ann Taylor, coordenadora-geral do MSF nos Territórios Palestinos.
O hospital Al Shifa é o principal complexo hospitalar da Faixa de Gaza, com 700 leitos, que presta atendimento emergencial e cirúrgico. Atualmente, não há outras instalações na Faixa de Gaza capazes de admitir e tratar tantos pacientes com lesões complexas, por vezes fatais. Apesar dos ataques regulares e da escassez, a equipe conseguiu manter o hospital operacional.
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De acordo com as pessoas que se manifestaram no sábado pela manhã:
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