Vivendo o momento mais intenso da produção de morangos, os agricultores depararam-se com um dificultador na maturação e determinação do bom sabor para os frutos: as condições climáticas de setembro. O mês foi de bastante instabilidade, umidade e muitas nuvens, o que prejudica a planta, que se desenvolve melhor em condições de dias com temperaturas amenas e noites mais frias, características da primavera.

Mas o fato de ter atrasada a colheita não muda o interesse dos produtores da região. Eles têm mantido e até ampliado a área, em geral, diversificada com hortaliças e outros cultivares na propriedade. É o caso da família de Carlos Eduardo Waechter. Em Linha Pinheiral, Santa Cruz do Sul, ele faz uso do modelo de plantação em estufas, com 4 mil pés, chegando a colher em torno de 20 quilos por vez. Isso se repete duas vezes por semana. Os frutos são vendidos na Feira Central, nas proximidades do Fórum de Santa Cruz. E a saída tem sido boa. “Costuma ter uma boa procura”, garante.

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A extensionista rural da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires, Djeimi Janisch, diz que vender direto ao consumidor é um hábito dos produtores da região. Dessa forma, conseguem agregar valor ao produto, chegando a faturar entre R$ 18,00 e R$ 20,00 por quilo. “A nossa região não tem clima favorável para o morango e, por isso, a produtividade nem se compara com a Serra Gaúcha, por exemplo. Mas tem apresentado bons resultados para quem planta”, afirma.

Ela destaca que essa é considerada uma atividade social, porque acaba inserindo públicos diferenciados na formação da renda da propriedade. “Mulheres, jovens, pessoas com mais idade e mesmo em propriedades pequenas, todos podem aderir. Há casos de mulheres que se aposentam e passam a plantar morangos para incrementar o orçamento”, ressalta.

Os bons resultados percebidos em números, com geração de entre 500 e 600 gramas de fruto por planta, também tiveram a influência negativa do aumento do custo dos insumos. “Adubação, plástico, arcos em metal e substrato, para quem planta dessa forma, tiveram elevação muito grande de valores e isso impactou nas propriedades”, enumera.

Mesmo com lucros menores, ainda continua sendo interessante para os cerca de 35 produtores de Venâncio Aires e outros 30 de Santa Cruz. Isso porque eles mantêm o hábito da venda direta ao consumidor, o que garante a confiança de quem compra, pelo fato de conhecer quem fornece.

“O comprador sabe que está levando um fruto de qualidade, que, em geral, não leva agrotóxicos. Muitas vezes, pode ir até a propriedade e fazer a própria colheita”, acrescenta. A outra vantagem ao cliente é saber que se trata de um produto fresco.

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Praga

O extensionista da Emater/RS-Ascar de Santa Cruz, Marcelo Cassol, alerta que as plantas podem sofrer com a ocorrência do ácaro. A praga pode ser combatida com mecanismos biológicos eficientes. “A partir de outubro, começa a aquecer e aumentam as probabilidades do surgimento desse tipo de problema”, diz.

A utilização das estufas pode ser um recurso, pois evita as intempéries, reduzindo a possibilidade de eventuais perdas, além de significar um benefício ergonômico na colheita: como costumam ser elevadas, evitam que os produtores tenham que se agachar para pegar os frutos. Entretanto, a planta acaba tendo como fonte de nutrientes apenas o que estiver no substrato, sem contar com o que o solo pode oferecer como diversificação.

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