Luis Ferreira

É preciso ter uma resposta

O mundo, com suas divergências inconciliáveis em frequente rota de colisão, cabe inteiro nos limites do Vaticano em Conclave. Nesse filme indicado ao Oscar, ainda em cartaz nos cinemas, o Colégio de Cardeais se reúne após o falecimento do papa, para escolher quem será o sucessor.

Entre os candidatos, há representantes de todo tipo de pensamento filosófico e político. Temos desde o cardeal ultraconservador até o ultraprogressista, passando pelos moderados e aqueles sem nenhuma convicção mais forte do que seus interesses particulares em poder e influência.

O cardeal Lawrence (Ralph Fiennes), responsável por conduzir o processo do Conclave, tenta se equilibrar em meio aos posicionamentos acirrados que percebe no entorno. É com esse espírito que ele diz, a certa altura: “Existe apenas um pecado que passei a temer acima de todos: a certeza”. Afinal de contas, se houvesse apenas certezas e nenhuma dúvida, não restaria espaço para o mistério e, em decorrência, para a fé.

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Um discurso como o de Lawrence tem enorme potencial para desagradar. Para não poucos, qualquer coisa menos compacta e determinada que um pedregulho gera desconfiança. Hoje é preciso ter firmeza soberana a respeito de tudo, sem hesitação ou dúvida. Saber exatamente quem você é, de onde veio, o que pretende e o mais importante: de que lado está.

O que me leva a recordar Ingrid Bergman em Europa 51, de Roberto Rossellini. Sim, é outro filme, fazer o quê. Irene (Bergman) é uma senhora da alta sociedade que perde o filho em circunstâncias trágicas. Deprimida pela culpa, ela se afasta aos poucos do marido e familiares, de tudo que caracterizava sua vida. Passa a se dedicar a causas sociais, ajudar famílias vulneráveis, a alimentar um tipo de afeto que sempre havia ignorado.

Quando lhe perguntam a razão, afirma: “O amor pelos outros nasce do ódio que sinto por mim”. A sanidade mental de Irene começa a ser questionada. Ela não se identifica com nenhuma convicção política ou religiosa, não se encaixa em nada. Isso é anormal. Quais são seus ideais?
Quando o médico da clínica psiquiátrica lhe faz essa pergunta, Irene não sabe responder.

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Ricardo Gais

Natural de Quarta Linha Nova Baixa, interior de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais tem 26 anos. Antes de trabalhar na cidade, ajudou na colheita do tabaco da família. Seu primeiro emprego foi como recepcionista no Soder Hotel (2016-2019). Depois atuou como repositor de supermercado no Super Alegria (2019-2020). Entrou no ramo da comunicação em 2020. Em 2021, recebeu o prêmio Adjori/RS de Jornalismo - Menção Honrosa terceiro lugar - na categoria reportagem. Desde março de 2023, atua como jornalista multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, em Santa Cruz. Ricardo concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira (2016) e ingressou no curso de Jornalismo em 2017/02 na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em 2022, migrou para o curso de Jornalismo EAD, no Centro Universitário Internacional (Uninter). A previsão de conclusão do curso é para o primeiro semestre de 2025.

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