A crise provocada pela pandemia do coronavírus não afetou apenas a saúde da população, os relacionamentos familiares, com o aumento da violência doméstica e outros transtornos, mas também, e, principalmente, o bolso das pessoas. A dura realidade da redução da renda ou até mesmo da falta dela, levou muitas pessoas e famílias a repensarem seus gastos, especialmente dentro de casa.
Neste contexto, quatro em cada sete brasileiros já sofrem as consequências financeiras do coronavírus, com cerca de 10,6% declararem não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso. É a maior taxa para maio da série histórica. Em abril, 91 milhões de brasileiros deixaram de pagar pelo menos uma conta. Conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o cartão de crédito é o principal tipo de dívida de 76,7% das famílias, seguido de longe pelos carnês (18%), financiamento de carro (11,1%) e financiamento de casa (9,4%); o cheque especial aparece em 6,5% das família.
O futuro, infelizmente pode trazer dados ainda mais negativos. As medidas já tomadas pelo governo federal de injetar recursos na economia, tanto o auxílio emergencial de R$ 600,00 por mês, quanto o benefício pago a quem teve jornadas e salários reduzidos, não conseguem repor os ganhos anteriores à crise. George Salles, professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais-Ibmec, prevê o seguinte cenário, no Brasil, nos próximos meses:
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- o endividamento das famílias: a inadimplência que já era alta, vai crescer muito;
- o alto endividamento dos aluguéis: essa inadimplência, que não aparecia nas pesquisas, é sinal de que as pessoas estão esperando uma negociação pois acreditam que a justiça não determinará o despejo de suas casas ou apartamentos por falta de pagamento;
- dívidas de cartões de crédito no topo de contas atrasadas: as pessoas não sabem o impacto que isso tem, preferindo, o que obviamente é prioritário, pagar primeiro aquilo que mais precisam;
Sem folga no orçamento e sem reserva financeira, as pessoas estão muito preocupadas. É preciso fazer sacrifícios. Além de cortar gastos, muitos invisíveis, pode-se economizar nas contas essenciais. O importante é começar a planejar já, observando alguns passos:
1º -conhecer as disponibilidades financeiras e despesas pessoais e da família: olhar para as contas, colocar tudo no papel ou em algum dispositivo eletrônico, fazendo um diagnóstico financeiro da situação pessoal e familiar – qual a disponibilidade financeira, o que tem a receber, contas já assumidas, quais são as despesas do dia a dia (o que pode ser reduzido, substituído ou até cortado?);
2º – priorizar as contas essenciais: alimentação, água, energia elétrica, plano de saúde, dando foco à preservação da saúde e da vida;
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3º – negociar as dívidas: pedir a redução do valor ou sugerir pagar um acréscimo depois da crise;
4º – cuidar com o cartão de crédito (inclusive de lojas), empréstimos, cheques especiais, cheques pré-datados, crediários, “caderninhos” de mercados: uma compra de valor baixo, parecendo inofensiva, acumulada com outras pode comprometer o orçamento; as faturas do cartão de crédito não pagas no vencimento e a utilização do limite do cheque especial carregam juros exorbitantes que, em pouco tempo, viram uma bola de neve;
5º – comparar preços: com a ajuda da internet, a pesquisa sobre a variação de preços de um mesmo produto pode render uma boa economia: os valores variam das lojas físicas às online, às marcas, etc.
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Cada pessoa e família tem uma estrutura de gastos e, por mais que alguém pense que não tem onde cortar, pesquisas comprovam que só com a eliminação dos desperdícios e supérfluos é possível economizar de 20 a 30%, sem perda do padrão de vida. A partir de agora, começar um consumo consciente, com coisas simples, como definir um dia para lavar e passar todas as roupas, reduzindo as contas de água e energia; fazer comida em maior quantidade e congelar refeições, o que aumenta o rendimento do gás de cozinha; cuidar das compras no supermercado; planejar as saídas de casa, com o uso de carro, moto, ônibus, aplicativo, evitando o ir e vir desnecessário; desapegar-se do que não usa mais; adotar um estilo de vida mais minimalista.
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