Às vezes me sinto desafiado pela consciência a encontrar respostas para questões existenciais que podem parecer irrelevantes para uns, mas que são determinantes para outros.
Raciocine comigo: tivemos o privilégio de sermos acalentados num lar onde fomos recebidos com amor, onde tivemos formação e onde reinaram o respeito, o afeto e a valorização de cada conquista. Das mais simples às mais significativas.
Para mim, enquanto estive morando com meus pais, a mais ousada empreitada foi a compra de uma geladeira na Ferragem Mailaender, tradicional loja estabelecida na esquina da Marechal Floriano com a Júlio de Castilhos. Eu devia ter 10, talvez 12 anos. Foi logo depois que a rede de energia elétrica chegou em Quarta Linha Nova.
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Lembro de cada detalhe. O “patrimônio” adquirido por meu pai – não sei dizer a que sacrifício – veio envolto em ripas de madeira e muito papelão para evitar danos durante o transporte por estradas precárias da época.
Também lembro das instruções. “Nos primeiros dias, coloquem um pote com café para absorver o cheiro de geladeira nova”, orientou o motorista que fez a entrega.
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Algumas semanas atrás, de passagem pelo antigo casarão, o que encontro? A geladeira azul claro que meu pai comprou no Mailaender, há mais de cinco décadas. E o mais surpreendente: em perfeito funcionamento.
Lembrei desta história, dias atrás, quando tive a oportunidade de participar do lançamento de um novo e bem-vindo movimento na região, liderado pela Gazeta Grupo de Comunicações: “Comprar aqui é bom demais!”. Importante dizer: no caso, o “aqui” é extensivo a cada município da região que vai aderir a essa ideia.
Mesmo que a Ferragem Mailaender não exista mais, se eu pudesse perguntar ao meu pai, hoje, com certeza ele diria que fez a escolha certa: comprou a geladeira da vida dele numa loja idônea, da sua confiança, que entregou o produto em perfeitas condições na casa dele, instalou e orientou sobre o funcionamento em busca do melhor resultado.
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Acho que aprendi com ele a dar valor à gente e às coisas da nossa terra. Uma cidade também é um lar. Reúne simbolicamente pai e mãe e muitos irmãos. Com condições, sonhos e ambições diferentes, mas que partilham o mesmo berço ou abrigo.
A geladeira azul – nem sei mais a marca – foi só um exemplo. O Mailaender foi um case bem-sucedido que ficou na memória.
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Mas o valor dado às coisas da nossa terra eu levei para a vida. E não abro mão!
Em cada lar e em qualquer cidade haverá memórias semelhantes. Dar relevância e privilegiar as marcas e os empreendedores da nossa terra é muito mais do que bairrismo: é sabedoria. É alimentar um círculo virtuoso onde se ganha o sustento, alguma sobra para investir e se opta por fazer o dinheiro circular na comunidade.
Pense nos seus filhos que precisam de espaço e de uma chance para entrar no mercado de trabalho. Pense no dono da mercearia que sabe seu nome, sua história e que pergunta como você está ao chegar em seu estabelecimento. Ah, e não se esqueça dos amigos e de outros milhares de anônimos que você nem conhece, mas que fazem pulsar a vida nas indústrias, no comércio, na prestação de serviços de toda natureza.
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Você acha que é bairrismo? Eu acho que é amor por minha terra.
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