A semana terminou com um misto de sentimentos entre as famílias que viram de perto a fúria das águas em Vera Cruz. À medida que a esperança é de recomeço, as lembranças são desesperadoras. É o que contam os moradores de Rebentona, no interior de Candelária, mas que estão abrigados no Ginásio Municipal Segefredo Werner (Guidão) desde terça-feira, 30. Arlindo Silveira e Delci Silveira precisaram nadar 80 metros até chegar em uma taipa.
O casal permaneceu 50 horas abaixo de chuva e com apenas a roupa do corpo à espera do resgate, que veio por meio do barco dos irmãos Ruben e Sandor Gewehr. Eles também salvaram o vizinho Volmar Trindade de Moraes, que aguardava em cima de um muro.
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Arlindo e Volmar tiveram as lavouras de arroz completamente devastadas. Ambos perderam porcos e galinhas. Conseguiram salvar apenas os cachorros. A partir de agora, as famílias vão precisar de eletrodomésticos, móveis e utensílios domésticos. “É muito triste, mas agradecemos por estarmos vivos. Sou muito grato também a quem nos resgatou”, disse Arlindo.
Olandina Goettems e Armando Ritz foram socorridos com os dois cachorros na Linha Tiririca, em Candelária, na quarta-feira. Olandina tem problemas de mobilidade por causa da diabetes e Armando é cadeirante. Eles aguardaram no telhado. Foram resgatados por um bote inflável do Exército, orientados pelo vizinho Luciano da Rosa. “Ele nos salvou. Nossa casa é atrás de árvores e fica difícil visualizar. Ele sabia que a gente precisava ser resgatado e conseguiu chegar a tempo”, disse Olandina.
Cenário
O acesso à zona urbana de Vera Cruz por Santa Cruz foi restabelecido, com a recuperação da cabeceira da ponte do Rio Pardinho na ERS-409. A situação da ERS-412 ainda é de muito risco. A cabeceira da ponte do Rio Pardinho foi rompida e a passagem está interditada pela RSC-287.
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Conforme o prefeito Gilson Becker, o abastecimento de água deve ser normalizado até este sábado. Um gerador foi instalado na terça-feira e havia dificuldade de captação no arroio Andréas. A secretária municipal de Desenvolvimento Social, Gabriela Ferreira, faz o acolhimento das famílias no Guidão.
Nessa sexta-feira, o volume de alojados era bem menor, com apenas oito pessoas. A maioria das famílias já havia retornado às suas casas para iniciar a limpeza. O levantamento é de que mil pessoas ainda estejam abrigadas em residências de parentes e amigos.
O desespero à espera de ajuda
Na Linha Mato Alto, no interior de Vera Cruz, Gelson Luiz Borstmann e a esposa Lizete Borstmann foram resgatados juntamente com a cunhada Maria Helena Borstmann na terça-feira. Gelson ligou para os Bombeiros quando a água estava pelo joelho. Menos de uma hora depois, na chegada do resgate, a água já estava na altura do peito. Maria Helena estava reticente em deixar a casa onde mora, ao lado dos familiares, mas foi convencida pela enxurrada que levava tudo que encontrava no caminho.
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O trio teve tempo apenas de carregar os cachorros. Gelson perdeu a lavoura de milho, a silagem e dez cabeças de gado, além de porcos e galinhas. A casa fica a 1,5 quilômetro do rio em linha reta. “Aconteceu comigo o que eu via pela televisão no ano passado, no Vale do Taquari. Não desejo isso para ninguém. É muito triste”, comentou Gelson.
O cenário catastrófico pode ser visto logo na entrada de Vera Cruz, no Bairro Bom Jesus. Casas arrastadas pela correnteza, maquinários agrícolas tombados e muita lama sendo retirada pelos moradores, que faziam um balanço das perdas, tentando salvar o pouco que restou.
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