Começou com o mel. Depois de uma mudança nos hábitos alimentares, ir à feira virou compromisso. Na sequência veio o feijão. Com filho pequeno, por indicação do veterano da fotografia da Gazeta, o Lula Helfer, o destino era a banca do seu Müller na unidade Central próximo ao Fórum. Não tinha erro. Caldo cremoso e grãos macios ideais para as papinhas do pequeno Antônio.

A lista aumentou, o guri foi crescendo e quando vi ele mesmo já estava pedindo o “feijão vermelho” que tanto gosta. Hoje as manhãs de sábado têm destino certo. Vamos até a Feira Rual do Parque da Oktoberfest com tudo anotado em um pedaço de papel. Ele fica na ponta dos pés e solta a voz para fazer os pedidos. E não podem faltar as flores para presentear a mãe e enfeitar a casa. Na última vez, usou R$ 3,00 de suas economias para pagar pelo buquê.

Mais do que comprar, visitar uma feira é uma experiência e um aprendizado. É diferente de pegar a alface embalada na prateleira do supermercado. Ali podemos conversar com quem plantou e colheu. Há uma conexão diferente entre consumidor e produto.

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Entre uma aquisição e outra, uma simpática senhora conta que preparou as bolachas artesanais com a receita de família. Falamos com quem sequer sabemos o nome, ouvimos histórias e até compartilhamos receitas.

Naquele ambiente tudo é colorido, é mais alegre. Em tempos de pandemia, o sorriso está nos olhos das pessoas. É uma troca agradável, leve.

Tem mais. Além de levar para casa produtos recém-colhidos, o preço é um diferencial. Dá para encher a ecobag sem gastar muito. Também é investir em qualidade de vida, pois ali tudo é mais natural.

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Claro, é preciso lembrar que para chegar até a banca há muito trabalho que nem sempre é visto. O jornalismo mostrou que quem vive no interior tem uma rotina intensa, acorda antes do sol nascer e está sujeito às intempéries. A mesma chuva que às vezes falta pode colocar tudo a perder. Tem que investir para produzir, pois é dali que sai a renda das famílias. O feirante é um empreendedor por natureza. Não é de hoje que isso acontece. O funcionamento das feiras rurais de Santa Cruz do Sul começou em setembro de 1980. Passadas quatro décadas, filhos dos pioneiros preservam esta tradição e inovam, mas sem perder a essência deste modelo de negócio tão importante para a agricultura familiar, especialmente diante da necessidade de diversificação rural. Nesta semana, inclusive, saiu a notícia de que os feirantes passaram a aceitar pagamento via Pix ou cartão de débito ou crédito. Um avanço em tempos de digitalização.

Para os consumidores, aquela atmosfera faz bem. Inclusive, desde o último sábado, meu filho passou a comer brócolis que ele mesmo escolheu na Feira Rural.

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