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4 ANOS DE SAUDADES

“É como se fosse uma ferida aberta”, diz irmã gêmea de Francine, morta no Lago Dourado

Francine Rocha Ribeiro

Já são quatro anos de saudades. Para os familiares e amigos de Francine Rocha Ribeiro, o tempo parou em 12 de agosto de 2018. A jovem de 24 anos, que trabalhava no comércio e cultivava sonhos de atuar com fotografia, foi brutalmente assassinada naquela tarde, no Lago Dourado, em Santa Cruz do Sul. Estuprada, espancada e estrangulada, ela foi morta por asfixia mecânica e teve ossos do pescoço quebrados em razão da força usada pelo agressor.

Hemorragias internas no abdômen, provocadas pelo espancamento, também contribuíram para a morte. Nessa última sexta-feira, 12, completaram-se quatro anos desse crime. O caso, um dos mais chocantes dos últimos anos na região, segue em trâmites na esfera judicial. Embora a expectativa seja de que o julgamento aconteça nos próximos meses, a juíza Márcia Inês Doebber Wrasse ainda não definiu uma data para a sessão que promete ser histórica.

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O réu Jair Menezes Rosa, de 62 anos, recolhido no Presídio Estadual de Candelária mediante mandado de prisão preventiva, é acusado de ter estuprado e matado Francine em 12 de agosto de 2018. A vítima caminhava na pista do Lago Dourado quando foi raptada e arrastada para a mata. O corpo foi encontrado no dia seguinte, 13. Nessa sexta, data em que o caso completou quatro anos, a reportagem da Gazeta do Sul ouviu a irmã gêmea de Francine, Franciele Rocha Ribeiro, de 28 anos.

Para ela, em muitos momentos, é como se todo esse tempo não tivesse passado. “É algo que a gente relembra e é como se fosse uma ferida aberta. São quatro anos, mas, ao mesmo tempo, parece que faz algumas semanas ainda”, afirmou. Segundo Franciele, além de lidar com uma imensa saudade, os familiares sentem indignação com a falta de desfecho para esse caso.

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“É muito triste saber que em um país como o nosso as coisas precisam levar tanto tempo pra acontecer. Recebemos a notícia de um possível julgamento nos próximos meses e ficamos muito animados. Essa dor toda parece que só vai ser atenuada pelo alívio de um julgamento, de que a justiça vai ser feita”, complementou a irmã gêmea da vítima. Franciele deve ser confirmada como uma das principais testemunhas a serem ouvidas durante o júri.

O caso

A comemoração do Dia dos Pais de 2018 foi a última celebração que Francine Rocha Ribeiro, de 24 anos, passou em vida. Naquele domingo, 12 de agosto, a jovem deixou a casa do pai em Rincão da Serra, Vera Cruz, com o noivo, por volta das 14h30. Após passar na casa da mãe, Eronilda Machado, no Bairro Bom Jesus, também em Vera Cruz, onde vestiu uma legging, camiseta e um casaco, ela foi até o Lago Dourado para uma caminhada.

Acusado foi preso na manhã de 24 de agosto de 2018, após exame forense encontrar amostras de sêmen no corpo de Francine

O noivo, que deixou Francine no local por volta das 14h50, foi o último da família a vê-la com vida. Após um aquecimento no deck do Lago Dourado, registrado pelas câmeras de segurança, ela desapareceu. Parentes iniciaram as buscas. O pai, Runor Rocha Ribeiro, encontrou o corpo da jovem em um matagal entre o Lago Dourado e o Rio Pardinho, a cerca de 400 metros da pista, na manhã do dia seguinte. O crime causou comoção em todo o Estado e motivou manifestações de amigos e familiares em Santa Cruz e Vera Cruz.

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Mesmo com diversos rumores e boatos espalhados pelas redes sociais, que acabaram atrapalhando o trabalho da polícia, um suspeito foi identificado e preso. Doze dias depois, o feminicídio que chocou os moradores da região chegou a um desfecho com a captura de Jair Menezes Rosa, no dia 24 de agosto. Um exame forense encontrou o DNA do agressor em amostras de sêmen e em pelos coletados no corpo da vítima. Diante disso, a prisão preventiva foi decretada.

Réu falará no júri, garante advogado de defesa

Jair Menezes Rosa é acusado de furto (o réu teria levado um celular, óculos e uma blusa de Francine), estupro e homicídio quadruplamente qualificado. As qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena – foram elencadas pelo feminicídio (fato de a vítima ser mulher), meio cruel (asfixia), uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima (ela ter sido amarrada) e ocultação da prática de outro crime (réu teria tentado ocultar o estupro).

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A investigação do caso foi realizada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), à época chefiada pela delegada Lisandra de Castro de Carvalho. O delegado regional Luciano Menezes também participou de diligências relacionadas ao inquérito. Os dois devem prestar depoimento no júri.

O autor da denúncia pelo Ministério Público foi o promotor de Justiça Flávio Eduardo de Lima Passos.
Ele falou com a Gazeta do Sul sobre as perspectivas para o julgamento. “Certamente, a expectativa do Ministério Público é de que se faça a justiça e vamos trabalhar para isso”, comentou Passos. Um dos momentos mais aguardados do júri é o que deverá dizer o homem acusado de cometer um dos crimes mais graves dos últimos anos.

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Porto: “Trabalhando exaustivamente”

Ao ser chamado pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, Jair Menezes Rosa deve se pronunciar. Quem garante é o advogado dele, Mateus Porto. Segundo o defensor, seu cliente nega as acusações. “Estamos trabalhando exaustivamente em uma linha para fazermos a defesa dele nesse júri”, salientou.

Sobre a demora no andamento do processo, Porto elencou fatores como o fato de ele ter recorrido até a última instância contra a sentença de pronúncia para Jair (que o leva a ser julgado no Tribunal do Júri); a requisição de uma avaliação psiquiátrica para o acusado, solicitada por ele (que atestou a consciência do réu); e a pandemia, que impactou a agilidade no andamento dos processos.

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Oliveira: “A família foi despedaçada” | Foto: Arquivo pessoal

Advogado da família e assistente de acusação no caso, Roberto Alves de Oliveira também comentou a proximidade do julgamento. “Foi um crime realmente brutal. A família foi despedaçada. Passados quatro anos, é um fato que não se acalenta. Há uma dor profunda, e o desejo é muito forte para que seja feita a justiça em seu termo máximo”, comentou Oliveira. Para ele, o Lago Dourado, que é um dos pontos turísticos mais visitados de Santa Cruz, ficou marcado pelo crime.

“É um ferimento que estava dolorido, e essa proximidade é como se tivesse reaberto. Todo esse tempo, ficamos pensando quanto iria demorar e houve toda uma morosidade em virtude dos recursos solicitados. Os familiares seguiram, tinham outras coisas para se preocupar, mas a proximidade do julgamento reativa toda essa dor, que foi de toda uma sociedade, em razão de um crime cometido contra uma jovem indefesa”, complementou o advogado Roberto Oliveira.

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