Se há algo que todos os brasileiros, sem exceção, se perguntam nesta virada do ano, é: a crise econômica que nos últimos dois anos corroeu o orçamento das famílias, derrubou o desempenho das empresas, jogou as prefeituras e governos no atoleiro e fez sumir as ofertas de trabalho e ressurgir o pânico do desemprego, vai ou não acabar em 2017? Economistas ouvidos pela Gazeta do Sul creem em uma evolução, mas advertem que ainda pode demorar para as coisas melhorarem de fato – o alívio, ao que tudo indica, só deve vir na segunda metade do ano. As tendências, segundo esses especialistas, são de crescimento moderado, mas inflação sob controle e desemprego em estagnação.
Após um 2016 praticamente perdido para a economia, é no próximo ano que o País sentirá os reflexos da guinada na política econômica promovida pelo presidente Michel Temer (PMDB) após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) em maio. Para o professor de Economia da PUC–RS, Alfredo Meneghetti Neto, o ajuste fiscal cria boas chances de retomada do otimismo pelos investidores. “O governo está fazendo a sua parte, se comprometeu com o equilíbrio financeiro, mas o brasileiro só vai colher os frutos disso no segundo semestre”, prevê.
Em contrapartida, o professor de Economia da Unisc, Silvio Arend, alega que, ao congelar os gastos públicos com a chamada PEC do Teto, o governo federal desestimula o consumo, o que pode dificultar uma reação. “O governo não deu incentivos financeiros à população em 2016 para movimentar a economia”, observa.
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Os analistas também são pessimistas quanto à crise do Rio Grande do Sul, que enfrenta a pior situação fiscal do País, com parcelamentos de salários e atrasos em benefícios de servidores – o que tem impacto sobre o consumo e o conjunto da economia, como se viu nas vendas de fim de ano no comércio, prejudicadas pelo não pagamento do 13º salário ao funcionalismo. O professor de Economia da Ufrgs, Eugênio Lagemann, afirma que é notável que o governo de José Ivo Sartori (PMDB) “tem criado mecanismos pontuais para reverter a calamidade financeira”. Mesmo assim, ele acredita que o caminho até o equilíbrio fiscal será longo.
AS PERSPECTIVAS
INFLAÇÃO
Deve estabilizar em 2017. Segundo Arend, porém, isso será mais um resultado da crise econômica do que mérito do governo. “Se as empresas não estão vendendo, o preço baixa. É uma lei do mercado”, lembra. Após chegar a 10,6% em 2015, o IPCA deve fechar 2016 em 6,5%.
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DESEMPREGO
A expectativa é que o número de demissões estacione no segundo semestre. “Não acredito mais em demissões em massa, como de polos navais, como vimos”, observa Lagemann. Segundo o IBGE, no trimestre que encerrou em novembro o desemprego chegou a 12,1 milhões de pessoas.
CRESCIMENTO
O otimismo com as medidas do governo federal pode favorecer os investimentos, hoje paralisados, e ajudar o PIB. “A tendência é que cresça já no fim do próximo ano, mas em um índice ainda pouco significativo”, conclui Meneghetti. A previsão divulgada essa semana pelo governo é de crescimento de 1% no PIB no ano que vem.
CENÁRIO INTERNACIONAL
É unanimidade entre os economistas que o cenário internacional é de muita incerteza. O protecionismo como mote da onda conservadora que parece contaminar o mundo ocidental, a partir da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, pode atrapalhar o investimento estrangeiro no Brasil. “Não é um bom sinal essa tendência dos países se fecharem. Esse nacionalismo acirra as relações internacionais e afeta diretamente a economia”, analisa Lagemann.
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COMO SE PREPARAR PARA 2017
Confira dicas do professor de Economia e especialista em finanças pessoais da Unisinos, Gelson Luiz Benatti, para encarar 2017 pensando no futuro do seu bolso:
1) CONHEÇA SEUS GASTOS
É impossível controlar as próprias contas quando não se tem conhecimento sobre todos os gastos. “Anote tudo aquilo que você paga. Desde as contas a pagar até as compras do supermercado”, recomenda Benatti. Com isso, é mais fácil diminuir o consumo e dar um destino consciente ao que se ganha.
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2) EMPREENDA
Mesmo em um ambiente desfavorável, é possível empreender na crise. Porém, é necessário ter criatividade e saber onde está pisando. Benatti dá exemplos de mercados promissores, como de cuidados a idosos e organização de residências. Apesar das boas ideias, é melhor criar uma empresa com sócios.
3) LIQUIDE AS DÍVIDAS
Deixe 2016 e as dívidas para trás. Comece 2017 focado em sair da inadimplência para ter um ano com a consciência tranquila. A orientação do economista é destinar qualquer valor extra ou parte do salário para quitar todos as pendências. “Para além de pagar o que se deve é essencial que não se faça novas dívidas”, alerta.
4) INVISTA EM CAPACITAÇÃO
O mercado está cada vez mais competitivo e, durante uma recessão econômica, esse cenário se afunila ainda mais. Por conta disso, investir em capacitação é uma forma de se preparar para novos desafios. A dica de Benatti é procurar cursos gratuitos na internet, mas tendo em mente o potencial de aumento da empregabilidade.
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5) ESTEJA INFORMADO
Os governos federal e estadual vêm realizando uma série de mudanças que podem afetar diretamente a vida da população. Para se adaptar a essas transformações, é essencial estar bem informado sobre elas. Segundo Benatti, um exemplo disso é a Reforma da Previdência, que pode mudar as perspectivas para o futuro.
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