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DIA DA MULHER RURAL

Dupla jornada das agricultoras da região desafia permanência delas no campo

Para além das homenagens nesta terça-feira, 15, Dia da Mulher Rural, chega ao campo uma discussão que já está na pauta das cidades da região faz um tempo: a carga mental feminina. Entidades locais estão atentas ao fenômeno e atuando junto às comunidades. Cuidar da lavoura, dos filhos, dos pais idosos, da casa e até buscar uma renda extra para reforçar o orçamento familiar têm desafiado a permanência delas na lida. Essa é a análise preliminar de quem está na ponta, conversando com as agricultoras e buscando compreender as mudanças de comportamento no campo.

Um comparativo entre os números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponíveis e atualizados demonstra uma queda de 39,9% na presença feminina nas lavouras em Santa Cruz do Sul. Em 2006, elas eram 4.032. Em 2017, 2.420. O próximo censo está previsto para 2026.

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A indústria do tabaco é estratégica para fortalecer o papel feminino no campo. Uma das mais importantes empresas de sementes no mundo, com sede em Santa Cruz, a ProfiGen do Brasil desenvolve o projeto Mulheres Girassol desde 2020. O objetivo é empoderar as trabalhadoras com lições que vão muito além do saber técnico e que despertam a autoconfiança e levam informação.

Já o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) criou o Instituto Crescer Legal, que prioriza questões de gênero no meio rural e promove maior conscientização sobre o papel da mulher na sociedade. O Programa Nós por Elas – A voz feminina do campo, em parceria com a Unisc, tem foco na comunicação. A equipe prepara adolescentes para se tornarem multiplicadores de reflexão e conhecimento para jovens rurais e comunidade, por meio de programas de rádio.

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Com a palavra, a mulher rural

Aos 24 anos, a agricultora Tamires de Oliveira Vargas faz o caminho inverso de muitas mulheres da região. Ela trocou o salão de beleza da cidade pelo trabalho na lavoura. “Fiz o curso de cabeleireira, mas não surgiram oportunidades na área. Sempre tive agricultura na minha vida, meus pais me criaram plantando tabaco”, salienta. “Comecei com meu esposo. Comecei a gostar de trabalhar na terra e vi o retorno. Vi que como cabeleireira eu não teria o mesmo ganho que consigo com a agricultura. E pude começar a comprar minhas próprias coisas”, conta.

Tamires, porém, reconhece que a dupla – ou tripla – jornada deixa tudo mais cansativo para a mulher. “Existem fumicultoras que são manicures, cuidam da casa, esperam o pessoal da lavoura e, se sobra tempo, ainda ajudam na roça. Ou trabalham na cidade e, à tarde, vão para a lavoura.”

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Tamires hoje é sucesso no TikTok e no Facebook como influencer no perfil “Tamires do Agro”. “Tinha muita presença masculina nas redes sobre fumicultura e pensei: por que não ter uma mulher?”, recorda. “As fumicultoras sofrem preconceito, mas eu mostro do que as mulheres são capazes”, garante.

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