Em razão da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul, a dupla Gre-Nal teve que paralisar as suas atividades, deixando de disputar as competições nacionais e internacionais que participam. Dentre os inúmeros danos causados pelas fortes chuvas, estão os alagamentos registrados no Estádio Beira-Rio e na Arena do Grêmio.
Porém, com um extenso calendário anual, as equipes precisaram correr contra o tempo para encontrar alguma maneira de voltar a treinar e disputar as partidas. Depois de 12 dias sem conseguir utilizar as suas instalações, o Internacional voltou com os treinamentos durante a tarde dessa terça-feira, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC), em Porto Alegre. Porém, o Colorado ainda não tem um local definido para mandar os seus jogos da Copa Sul-Americana. Já o Grêmio, divulgou em nota oficial publicada nessa quarta-feira, 15, que irá realizar seus treinamentos no CT do Corinthians, em São Paulo, a partir desta sexta, 17, e que vai disputar os seus dois jogos da Copa Libertadores da América no Estádio Couto Pereira, em Curitiba.
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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou nessa quarta-feira, que o Brasileirão ficará paralisado até o dia 1º de junho. A decisão atende ao pedido de 15 dos 20 times que disputam a primeira divisão do campeonato. Segundo a entidade, as equipes não favoráveis à paralisação foram: Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino e São Paulo. Entretanto, o Bragantino afirma que enviou um ofício durante a manhã de quarta-feira se mostrando favorável à suspensão.
Em meio a tantas incertezas, fica a questão: a dupla Gre-Nal deveria voltar às atividades? A equipe de esportes da Gazeta opinou sobre o assunto (as opiniões vieram antes da CBF adiar duas rodadas do campeonato). Confira abaixo:
André Prestes
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Sou totalmente contra o retorno da dupla neste momento. Eu acho que a CBF tem o poder legítimo de parar o campeonato. Ela não precisa ouvir nenhum clube, porque quem manda no futebol brasileiro é a CBF. Então eu não concordo com o retorno neste momento. A gente sabe como está a população gaúcha, como estão a Arena e o Beira-Rio e os centros de treinamento. Com isso, haverá um desequilíbrio técnico muito grande no campeonato.
Se tivesse que escolher algum local, teria que ser algum mais perto, como o Alfredo Jaconi e o Centenário lá em Caxias do Sul, pelo menos para o Campeonato Brasileiro. Porém, mesmo assim eu penso que a dupla, principalmente o internacional, pelo investimento feito, talvez o maior de sua história, vai acabar analisando semana a semana a questão do Beira-Rio, para ver se consegue retornar o mais rápido possível, caso estiver mandando os jogos em outro local.
O presidente da CBF deu um exemplo pífio de parar o campeonato ao dizer que o Flamengo quando tem jogo no Maracanã, que emprega quase duas mil pessoas e se não tiver jogo essa galera não tem renda. Aí pergunto: e quando o flamengo vende os jogos dele para Brasília e outras cidades, como fica a renda desse pessoal que trabalha no Maracanã?
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Guilherme Andriolo
Apesar da pressão por conta do calendário, é inviável a dupla voltar a jogar neste momento, até porque Porto Alegre segue inundada e os próprios jogadores seguem mobilizados no apoio aos afetados. Não tem condições para que eles fiquem jogando enquanto a família ainda está aqui nesta situação. Isso vale não só para os jogadores como para todos os funcionários dos clubes, o que garante que eles também não foram afetados? Em algumas semanas, se a situação aliviar, aí acho que podem retornar aos poucos.
Quando voltarem a jogar, o ideal seria que utilizassem algum estádio dentro do próprio Rio Grande do Sul que não tenha sido tão afetado pelas cheias, como os estádios da dupla Ca-Ju. No máximo, em Santa Catarina. Mas ir para longe da torcida não é uma boa ideia neste momento.
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Adriano Júnior
Eu sou a favor da paralisação do campeonato pelo menos até o fim do mês. Assim, a dupla poderia planejar melhor o retorno. Em relação ao local jogo, penso que poderia ser em alguma praça gaúcha, Colosso da Lagoa, em Erechim, por exemplo. Agora se tiver que ser fora, por condições de treinamento, que isso ocorra em estados do Sul. Seria uma forma de contar com torcida de Grêmio e Inter nos estádios.
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André Guedes
Sou a favor sim (da retomada das atividades). Entendo que ficar parado não é bom e que neste momento o retorno deveria ser fora, pois a avaliação não se resume ao campo de jogo apenas envolve qualidade do campo de treinamento instalações para musculação, fisiologia, recuperação de atletas e avaliações rotineiras, hotel e aeroporto isso tudo tem que casar. A melhor opção é se mudar provisoriamente, pois fora do RS a logística em todos os aspectos é a melhor para a dupla Gre-Nal.
Roberto Patta
Não vejo razão para a dupla Gre-Nal retornar aos jogos neste momento. O clima de consternação é muito grande no Rio Grande do Sul. Entendo que o calendário ficará ainda mais apertado lá na frente, mas as entidades responsáveis (CBF e Conmebol) que façam os ajustes necessários. Nosso Estado vive um caos e o exemplo é Porto Alegre, que passará por um longo período de reestruturação. Se fosse no eixo Rio-São Paulo, o Brasileirão já teria parado. Muitos clubes estão solidários a Grêmio. Internacional e Juventude, apoiando a paralisação. Só que não basta o discurso, é preciso mostrar na prática.
Com tantas mortes registradas e desaparecidos, como jogar futebol mesmo que os times saiam do território gaúcho? A vida precisa voltar ao normal, porém as vidas valem mais do que pensar em colocar a bola no meio-de-campo. Quando a situação “normalizar” ou ficar próxima disso, aí sim, segue o jogo.
William Thiel
Nas duas últimas semanas, fui contrário a qualquer movimentação envolvendo o futebol no nosso estado. A dupla Gre-Nal, de maneira acertada, não mediu esforços para mobilizar torcedores e funcionários em prol das vítimas da catástrofe climática. Agora, entendendo que o momento mais tenso já passou, vejo com bons olhos o retorno das atividades com olhar voltado aos gaúchos. Caxias do Sul e Erechim, na minha opinião, são as melhores opções. Duas cidades que possuem estádios que já sediaram o clássico Gre-Nal e contam com boa estrutura. Caxias do Sul, na Serra, possui aeroporto para receber equipes visitantes. Erechim, no norte gaúcho, fica próximo de Chapecó, cidade do oeste catarinense que também conta com serviço de transporte aéreo.
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João Caramez
Apesar de todas as atenções estarem voltadas ao momento de reerguer o Rio Grande do Sul diante da calamidade climática, principalmente em relação às famílias atingidas pelas enchentes, entendo que o futebol deve ser retomado. Os clubes trabalharam para auxiliar vítimas da catástrofe, inclusive seus próprios funcionários. Os atletas ajudaram muitas pessoas nos resgates.
Contudo, o futebol é um produto. Os clubes registram prejuízos enormes sem jogar, além dos que terão por conta dos estragos provocados pela inundação. No interior, os adiamentos geram mais custos, um problema grave nas justas folhas salariais. Postergar o retorno vai ocasionar uma queda de receita para os próximos anos. Os resultados dentro de campo são reflexos da parte gerencial.
O Grêmio sinalizou com a possibilidade de se concentrar em Atibaia para atuar como mandante em Bragança Paulista. É uma atitude correta. Os resorts da região possuem boa estrutura e ficam próximos de aeroportos como Viracopos e Guarulhos. O Internacional ainda não definiu a logística, mas deveria pensar em algo semelhante. A solidariedade de outros clubes e da própria CBF tem prazo de validade. Já observamos isso na tragédia da Chapecoense em 2016 e no caso da pandemia em 2020.
Mateus Machado
Sou contra. Estamos falando das duas maiores forças populares do estado. Inclusive foram fortemente afetadas pelas águas. Sair do Estado, nos próximos dias ou semanas, não transmite uma imagem legal. São clubes com mais de 100 mil sócios, onde muitos foram afetados pelas enchentes. Claro, a retomada terá que acontecer, mas o momento para isso, ainda depende de algumas semanas. Não há clima para torcer. E os jogadores? Muitos, até outro dia, estavam resgatando pessoas. A catástrofe não foi algo isolado. Estamos diante de um estado dilacerado pela força das águas, alguns lugares sem condições mínimas de sobrevivência. Para muitos é simples dizer: “vamos lá, vida que segue.” Quem diz isso será que perdeu tudo?
Se a dupla optar em jogar, que não saia da região Sul. Até mesmo pelo apelo popular que os dois times possuem nesta região.
Leandro Siqueira
Desde o princípio sou defensor da retirada da dupla grenal do cenário de crise, com todo o aparato futebol para alguma praça fora do RS, com estrutura à altura dos trabalhos de preparação e competição; de preferência no oeste, onde possuem torcida. Em crises, penso que toda a ação deve ser no sentido de criar soluções, nunca gerar novos problemas que incluam de modo a incluir mais gente no cenário negativo. No caso, pela importância e envolvimento em várias competições, Inter e Grêmio deveriam manter a preocupação com o condicionamento físico e emocional dos atletas.
Rodrigo Vianna
Sou a favor do retorno. Aliás, lá atrás pensava que o campeonato poderia parar por duas semanas. Como não parou até agora, penso que não deva parar mais. A dupla já deveria estar treinando em outro estado. Não será nada fácil encarar o calendário corrido, com o acréscimo de jogos atrasados, portanto cada dia parado é prejuízo acumulado. Penso que Santa Catarina e parte do Paraná são bons lugares para a dupla treinar e jogar! Por lá temos muitos gaúchos, inclusive sócios.
JF Vighi
O Grêmio ensaia uma saída para São Paulo para botar o seu time para treinar. O Internacional vive um momento diferente, pois ainda não tem uma definição do que pode acontecer, pois se fala em Uruguai ou locais mais próximos, mas nada definido. O interessante é que tudo tem que voltar a funcionar, e os times de futebol principalmente, até as equipes reassumirem a condição física, o ritmo de jogo.
Marcos Rivelino
Infelizmente, a CBF, sob o comando do presidente Ednaldo Rodrigues, devolvido ao cargo por uma liminar do STF, se mostrou omissa e insensível com a situação do povo gaúcho, incluindo aí os clubes do RS, todos filiados à entidade. A CBF lavou as mãos e direcionou a responsabilidade, que é sua, para os demais clubes da Série A, com relação ao Campeonato Brasileiro.
Passado todo este tempo, sou favorável à volta da dupla Gre-Nal às competições nacionais e internacionais, mas fora do estado, fixando sedes em Curitiba e Barueri, por exemplo. O Couto Pereira e a Arena Barueri são estádios capacitados para jogos da Conmebol. Além disso, estas sedes possuem bons CTs e a logística de viagens até melhoraria para a dupla Gre-Nal. Na questão de torcida, não haveria problema, pois a solidariedade do povo brasileiro é incalculável, bem diferente dos órgãos e entidades federais.
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