Em 25 anos de experiência como taxista, Sérgio*, 60 anos, viveu pela primeira vez no fim de semana horas de pavor. Na noite desse sábado, ele foi assaltado, agredido e colocado dentro do porta-malas do Voyage que usa diariamente para trabalhar. Não bastasse isso, ainda foi levado nessas condições até Bento Gonçalves, cidade em que os assaltantes escolheram para abandonar o automóvel.
O caso teve início na noite desse sábado, 25, quando Sérgio se preparava para deixar o ponto onde atua, em plena Marechal Floriano, esquina com a Senador Pinheiro Machado. Por volta das 21 horas, dois homens abordaram o condutor e solicitaram uma corrida até uma casa noturna.
Minutos após entrar no carro, a dupla já anunciou o assalto e, com duas armas apontadas para o condutor, ordenou que fosse até a RSC-287. “Um estava na frente e outro atrás, mas ambos armados. Disseram que era para eu acelerar senão levaria tiro na cara”, lembra. Ainda que muito assustado, Sérgio conseguiu manter a calma e cumpriu o que os assaltantes pediram.
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“Lá em Pinheral, eles mandaram eu parar o carro, me agrediram com um soco que atingiu a boca e o supercílio e me atiraram no porta-malas. Aí foi a hora que eu temi a morte. Não fazia ideia do que iria acontecer.” Durante todo o caminho, segundo relata o taxista, os indivíduos fumaram maconha e se mostraram perdidos. “Eles me perguntavam uma coisa, eu respondia, mas imediatamente me mandavam eu calar a boca. Não fazia muito sentido. Estavam completamente drogados.”
Outro temor de Sérgio foi um possível acidente. Segundo ele, a dupla, além de viajar em alta velocidade durante boa parte do trajeto, fez manobras arriscadas. “Eu só rezava para escapar daquilo. Talvez tenha sido isso que me manteve vivo: fiquei calmo e não reagi”, complementa.
A viagem seguiu até Bento Gonçalves e por volta da 1 hora, após pegar outro comparsa ao chegar no município, os assaltantes abandonaram o veículo em uma região vinícola. Trinta minutos após não escutar mais barulhos de vozes ou pegadas, o taxista abriu o porta-malas, saiu do carro e resgatou a chave que havia sido deixada em cima do carro. Imediatamente se deslocou até Polícia Rodoviária Federal na BR-470, onde relatou o caso e foi orientado a fazer o registro da ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Cruz do Sul.
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Do Voyage foram levados além do celular recém comprado- Sérgio ainda paga as prestações -, taxímetro, radiotaxi, capacete e até os remédios que toma para pressão. “O carro ficou depenado. Calculo um prejuizo de uns R$ 4 mil entre tudo o que levaram”, lamenta. O caso será investigado e não se descarta uma possível ligação entre outros crimes que aconteceram na região no mesmo dia.
Retorno ao trabalho
Ainda abalado, Sérgio afirmou neste domingo que não terá condições psicológicas de retornar ao trabalho na segunda-feira. Além de estar com o emocional prejudicado, ele disse que vai precisar equipar o carro e adquirir todos os equipamentos necessários para atuar, como o taxímetro e o aparelho de rádio taxi. “Vai ser pesado voltar a trabalhar. As lembranças vêm e tu acabas ficando traumatizado”, lamentou.
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*Sérgio preferiu não identificar o sobrenome.
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