José Alberto Wenzel

Duas linguagens, diferentes propósitos

Enquanto o papa Francisco, autor da encíclica “Laudato Si” (2015), se recupera num hospital, o presidente Trump vem escancarando o interesse por significativa porção dos depósitos de minérios estratégicos em terras ucranianas. Em que medida, se vai conseguir ou ficará para um outro momento, não sabemos. Todavia, para além de um fato específico, não há como ignorar que a linguagem da moeda, da retaliação e da desconstituição vem soando alta. Algo assemelhado já aconteceu com o petróleo e não tardará a ocorrer, com ainda maior intensidade, com a água, o que nos permite reavivar o que nossa mãe Natália, antes de seguir em frente, nos recomendou: “Sejam bons e livres, jamais deixem que falte água no mundo”. Ela se referia à água como dádiva coletiva, à semelhança da mensagem franciscana, atualizada pelo Papa Francisco em sua Encíclica de importante cunho socioambiental.

Em linguagem contrastante, o papa Francisco, honrando Francisco de Assis, nos tem convocado, na corajosa e necessária encíclica “Laudato Si”, para uma nova humanidade relacional com a natureza, até porque tudo está conectado em nossa “casa comum”, ou seja, ninguém vive sozinho, com o que o enfrentamento às mudanças climáticas e a busca pela paz são da corresponsabilidade de todos.

Neste cenário de interesses, nem sempre claramente expostos, nos vem à mente a trajetória do também presidente Barack Obama. Ele trouxe da casa materna a preocupação socioambiental. Porém, também Obama teve dificuldades em assumir de vez a pauta ambiental, mesmo quando se perguntou sobre o que “aconteceria com o Havaí, com as grandes geleiras do Alasca ou com a cidade de New Orleans” ou ao dizer que “imaginei Malia, Sasha e meus netos vivendo num mundo mais duro e mais perigoso, sem muitas daquelas maravilhosas paisagens que, durante minha infância e adolescência, me pareciam inabaláveis. Concluí que, se eu pretendia comandar o mundo livre, teria de tomar a mudança climática como uma prioridade de campanha e de presidência.” (OBAMA, B. Uma Terra Prometida. SP: Cia. Das Letras, 2020, p. 501). Fica a pergunta: por que é tão difícil assumir, resolutivamente, a pauta socioambiental?

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Assim, a par de nos postarmos criticamente frente aos acontecimentos em curso, cabe ler e reler a encíclica “Laudato Si.” Torna-se oportuno, ainda, enfatizar o acerto do tema escolhido para a 47ª Romaria da Terra, a se realizar no dia 4 de março em Arroio do Meio (RS): “Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade.” Aliás, em que linguagem nos expressamos e qual nosso propósito?

FEIÇÕES DO CINTURÃO VERDE (5): SOM NATURAL

Um dos lugares mais venerados por Natália, que nos recomendou cuidado especial com a água, era a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, junto à Casa de Retiros Loyola. Ali, a sacralidade e a natureza, em exuberante simbiose, acolhem aos que buscam a paz. O lugar também recepciona leitores, a exemplo da jovem Rose Gomes, que não duvida: “O único som que se ouve aqui é o da natureza. Nossa sanidade depende da natureza”.

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Ricardo Gais

Natural de Quarta Linha Nova Baixa, interior de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais tem 26 anos. Antes de trabalhar na cidade, ajudou na colheita do tabaco da família. Seu primeiro emprego foi como recepcionista no Soder Hotel (2016-2019). Depois atuou como repositor de supermercado no Super Alegria (2019-2020). Entrou no ramo da comunicação em 2020. Em 2021, recebeu o prêmio Adjori/RS de Jornalismo - Menção Honrosa terceiro lugar - na categoria reportagem. Desde março de 2023, atua como jornalista multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, em Santa Cruz. Ricardo concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira (2016) e ingressou no curso de Jornalismo em 2017/02 na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em 2022, migrou para o curso de Jornalismo EAD, no Centro Universitário Internacional (Uninter). A previsão de conclusão do curso é para o primeiro semestre de 2025.

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Ricardo Gais