Em algum momento da vida, oito a cada dez pessoas enfrentam dores na coluna ou problemas a ela relacionados. Conforme o Ministério da Previdência Social, em 2022 esse foi o motivo de afastamento de 7.250 trabalhadores gaúchos. No Brasil, os registros contabilizaram 42.805 casos. Mas a que se devem esses números? O que a população tem feito de errado? Na tentativa de responder esses questionamentos e trazer orientações preventivas, a Gazeta do Sul conversou com um profissional da área e que em sua prática diária atende uma média semelhante de pacientes com queixas de dor nessa região.
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O traumatologista e ortopedista Paulo Cezar Schutz, de Santa Cruz do Sul, especialista em medicina regenerativa, afirma que essa realidade está diretamente associada ao estilo de vida das pessoas que, de modo geral, estão muito mais sedentárias e consumindo produtos industrializados. Isso sem falar na contaminação do solo a que se está sujeito, tanto por derivados de petróleo e de plástico quanto por uma série de substâncias tóxicas do ambiente, que mimetizam os efeitos dos estrogênios no organismo – estes, por sua vez, implicam na maior estimulação da retirada de cálcio dos ossos.
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Sobre a alimentação, ele cita como exemplo as transformações de alguns alimentos, como o trigo, que atualmente possui 400 vezes mais glúten, proteína quase indigerível e que funciona como um “chiclete” no intestino. Na prática, o glúten prejudica principalmente a absorção de vitaminas, minerais e aminoácidos, causando o enfraquecimento dos ossos e da musculatura. “Perdendo massa muscular, as pessoas engordam e não usam o músculo para fazer as ‘alavancas’, o que vai enfraquecendo os ossos. A coluna vertebral é um complexo que envolve várias estruturas (discos, ligamentos, articulações facetárias, etc.) que também sofrem esse enfraquecimento. Assim surgem os ditos ‘males’ da coluna”, explica Schutz.
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Além disso, alerta sobre a deterioração dos discos e dos ligamentos da coluna, o que pode resultar em compressões nervosas. Quando os discos se deterioram, podem ocasionar uma hérnia e se projetar contra a medula vertebral. Já os ligamentos, quando deteriorados, se hipertrofiam para proteger a coluna. Com o tempo, podem provocar a estenose do canal medular, ou seja, um estreitamento do espaço para que a medula distribua seus nervos ao longo de todos os segmentos corporais. A fragilidade dos ligamentos ainda pode gerar a instabilidade da coluna, que pode começar a se movimentar de forma irregular.
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Em resumo, essas toxinas associadas a distúrbios na absorção dos nutrientes dos alimentos vão gerar fraqueza de toda a estrutura óssea e cápsulo-ligamentar, articular e discal. Isso pode levar ou não à fragilidade do disco intervertebral e à compressão nervosa e gerar a dor do nervo ciático. Outros fatores apontados pelo traumatologista são o envelhecimento natural biológico e o declínio hormonal das pessoas. “Aos 50 anos, os níveis hormonais masculinos e femininos podem reduzir pela metade. Esses hormônios sexuais são reguladores do metabolismo ósseo. Quando a regulação não ocorre corretamente, a coluna progressivamente se degenera e surgem os problemas na região”, relata, observando que nessa fase da vida também há perda de massa muscular e, por consequência, a “desproteção do esqueleto”. “Tudo isso vai gerar a sobrecarga de ligamentos, facetas, tendões, músculos, ossos, discos intervertebrais e cartilagens, que estão justapostos à coluna”, detalhou.
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Embora a prevenção esteja associada principalmente às mudanças do estilo de vida, algumas profissões são mais propensas a acelerar o surgimento desses problemas. É o caso dos produtores rurais e dos trabalhadores braçais, que têm longa e exaustiva jornada, o que gera grande sobrecarga à coluna. Outros exemplos são de atletas de alta performance e de pessoas que trabalham sentadas por longos períodos.
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