Desgaste dentário, dor de cabeça e zumbido no ouvido. Estes sinais podem estar atrelados a um transtorno que atinge 40% da população no Brasil, entre crianças e adultos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em dados de 2021. O bruxismo consiste em apertar ou ranger os dentes durante o dia ou à noite, o que ocasiona diversas consequências, entre elas, problemas para a saúde bucal.
Fernanda Schmitt, 41 anos, foi percebendo aos poucos os efeitos da doença. Começou com uma pressão na cabeça quando acordava, mas não identificava a causa. Assim como ela, diversos pacientes não associam diretamente as reações com a condição. Foi ao perceber um desgaste em seus dentes que buscou atendimento odontológico e foi diagnosticada.
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O distúrbio que ocorre pela noite, como o de Fernanda, é chamado de “Bruxismo do Sono”, quando o paciente não tem controle ao apertar os dentes. Já o ranger pela manhã, com o indivíduo consciente, é chamado de “Bruxismo de Vigília”.
Segundo a dentista Juliana Kraether, professora do Curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz (Unisc), ambas as modalidades podem possuir diferentes causas – a maioria, atreladas à saúde emocional e distúrbios mentais – mas, que raramente estão associadas a problemas na própria boca. “Muito dificilmente a causa vai ser encontrada em como os dentes estão engrenados. É a consequência do bruxismo que causa problemas odontológicos, uma vez que os dentes se desgastam ou podem se deslocar”, diz a profissional.
As consequências do bruxismo atingiram a saúde bucal de Fernanda, que buscou ajuda no dentista para resolver as dores e a aparência em relação aos desgastes causados pelo bruxismo. “A estética estava me incomodando bastante, então fui conversar com a dentista e ela me sugeriu as facetas [lâminas finas de porcelana ou outro composto que preenche desgastes do dente] para corrigir e me explicou que eu teria que usar a placa a noite para não haver novamente o desgaste”, explica a paciente.
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A placa de bruxismo é uma película composta por acrílico ou silicone que envolve geralmente os dentes de cima e inibe o nível de atividade muscular e, logo, o atrito e a pressão durante a noite. No entanto, “o bruxismo é um dos distúrbios onde não há uma única estratégia para o tratamento ou mesmo uma cura, podendo ser utilizado o tratamento comportamental ou farmacêutico também, conforme o perfil do paciente”, explica a dentista Pâmela Inês de Lima.
Embora multicausal, muitos dentistas associam como principal causa do bruxismo a saúde mental, podendo ser uma consequência de distúrbios, entre eles, da ansiedade. Além disso, pode estar ligado a fatores genéticos e ambientais, como problemas respiratórios, refluxo ou uso de medicamentos, segundo o Ministério da Saúde. A intensidade e a frequência do bruxismo podem variar conforme a causa.
Na pandemia, a causa ficou evidente. Uma pesquisa com pessoas que possuíam bruxismo mostrou que mais de 76% deles sentiu os sintomas do transtorno se agravarem durante o período de isolamento social causado pela Covid-19. O estudo publicado na revista científica Scielo Brasil foi realizado pelas redes sociais com mais de 1.400 adultos de maio a agosto de 2020.
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Momentos como este, assim como em períodos de tensão, podem agravar o problema. Entretanto, por si só, “o estilo de vida moderno, mais estressante, o uso excessivo das tecnologias, tem favorecido um aumento do bruxismo e das consequências”, ressalta Juliana.
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Para pacientes com diagnóstico ou suspeita de bruxismo, a importância do acompanhamento odontológico se torna redobrada. “Para que seja observado qualquer problema, como os desgastes dentários, fraturas, sensibilidade e ou dores musculares. O dentista pode também solicitar exames complementares, como radiografias para observar a questão óssea e problemas que podem estar ocultos clinicamente”, diz a dentista Pâmela.
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Além disso, manter a saúde bucal também pode ser crucial para não agravar o bruxismo. Por isso, ir ao dentista periodicamente auxilia a identificar que hábitos podem agravar a condição e como cuidar melhor dos dentes. “Hábitos como mastigar canetas, roer unhas, podem tencionar a musculatura e piorar o estado atual de bruxismo”, finaliza Pâmela.
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