Toda vez que chove a rotina na casa da santa-cruzense Rosimere Braga, 38 anos, vira um verdadeiro transtorno. Além de precisar tapar as dezenas de goteiras que se formam pelo teto, nem dormir no próprio quarto ela consegue. Em razão da água que atinge o espaço, tem de dividir a cama de solteiro com a filha mais nova, Flávia, ou então leva o colchão para a sala, que nem sempre fica imune ao pinga-pinga. Não bastasse isso, ainda convive com expressivas rachaduras na residência e teme por uma parede precária na cozinha.
Desempregada, Rosimere reside na pequena casinha azul, localizada na Rua Adolfo Pritsch, no Bairro Bom Jesus, há uma década. É lá que divide espaço com outros cinco filhos, de 14, 15, 17, 19 e 20 anos, os quais também sustenta com uma renda que não ultrapassa um salário mínimo. A soma nada mais é do que uma pequena pensão que recebe do ex-marido e mais um benefício do INSS.
“Eu até já recebi tijolos, mas como vou construir alguma coisa se não consigo pagar a mão de obra, muito menos os outros materiais necessários?” Ela também acrescenta que não tem condições de se mudar para uma casa alugada, já que conseguiu quitar a atual e hoje seria inviável pagar aluguel. Rosimere tapa as goteiras com sacos de lixo e, para fechar a porta da casa, improvisa: empurra o sofá para segurar e adapta um ferro como fechadura.
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Na manhã dessa segunda-feira, a santa-cruzense solicitou auxílio à Secretaria de Habitação. Conforme o secretário interino, Raul Fritsch, ainda nesta semana uma assistente social fará uma visita técnica para constatar os problemas estruturais da casa. “São avaliados inúmeros fatores, como questão social e os riscos. Sendo comprovado, passamos para nosso setor operacional e a família receberá a ajuda necessária.”
Catadora de materiais, ela procura um emprego fixo
Mãe de dois filhos de 14 e 15 anos que sofrem de convulsões, Rosimere Braga se vira nos trinta para cuidar dos adolescentes. Ambos necessitam de vigilância constante. Quando não se dedica ao cuidado com os filhos, a dona de casa trabalha como catadora. Com as latas que recolhe pela ruas, ela consegue uma renda extra para que não falte comida à família.
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“Tem gente que tem vergonha de ser catador. Eu teria vergonha é de ser ladra. Feio é roubar. Bonito é juntar.” Rosemere afirma, entretanto, que seu maior desejo atualmente é voltar a contar com um emprego fixo para ter mais segurança. “Eu não tenho estudo e não sei ler, mas posso trabalhar como doméstica. Aceito qualquer emprego digno”, ressaltou ela.
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