O dólar fechou a semana cotado acima de R$ 3 pela primeira vez desde agosto de 2004, pressionado por tensões políticas no Brasil e por dados de emprego nos Estados Unidos melhores que o esperado pelo mercado. Foi o quinto dia seguido de alta da moeda americana. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,53%, a R$ 3,050, maior valor desde 5 de agosto de 2004, quando a moeda encerrou a R$ 3,062. A valorização na semana foi de 6,87%, e no ano a moeda americana sobe 15,2%.
O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou com alta de 1,52%, a R$ 3,057, o maior patamar também desde 5 de agosto de 2004, quando o dólar estava em R$ 3,071. A moeda subiu 7,04% na semana, e no ano a alta é de 14,8%.
Nos Estados Unidos, o desemprego caiu mais que o esperado, passando de 5,7% em janeiro para 5,5% em fevereiro. O centro das projeções (mediana) dos economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg era de 5,6%.
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O Departamento do Trabalho americano informou também que, em fevereiro, foram criados 295 mil postos de trabalho, acima dos 235 mil previstos em pesquisa da Bloomberg. Foi o 12º mês seguido em que a geração de vagas ficou acima de 200 mil. O dado de criação de vagas de emprego de janeiro foi revisado para baixo, a 239 mil.
O indicador é um dos avaliados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para balizar sua política monetária, afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. O fôlego no mercado de trabalho reforça a expectativa de que o banco central dos EUA suba os juros do país, hoje praticamente zero, ainda no primeiro semestre deste ano.
“Ainda que o salário não tenha tido aumento expressivo, como muitos esperam em um mercado de trabalho aquecido, o Fed não vai esperar uma alta da renda e aumento da inflação para subir os juros. O ajuste vai ser feito antes”, afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.
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Um aumento dos juros deixa os títulos americanos –considerados de baixo risco e cuja taxa de remuneração acompanha a oscilação do juro básico– mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco -como emergentes, incluindo o Brasil.
Em razão da instabilidade no cenário brasileiro –com inflação em alta e dificuldade do governo de aprovar no Congresso medidas de ajuste fiscal–, os investidores já têm estado receosos em relação ao país, o que também empurra para cima o preço do dólar.
DÓLAR NO MUNDO
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O dólar também fechou em alta em relação a outras moedas nesta sexta, além do real. A divisa americana subiu 1,49% em relação ao euro, o maior valor desde 3 de setembro de 2003. Considerando uma cesta das 31 principais moedas do mundo, apenas quatro subiram em relação ao dólar.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu sequência às suas intervenções já programadas no mercado para segurar a oscilação da moeda, vendendo e rolando contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda futura de dólares).
BOLSA
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O Ibovespa caiu pelo terceiro dia seguido, também influenciado pelo dado de emprego nos EUA. O principal termômetro do mercado acionário brasileiro fechou em baixa de 0,76%, a 49.981 pontos. Das 68 ações negociadas, 23 subiram, 42 caíram e três fecharam estáveis. Na semana, o Ibovespa caiu 3,1%, enquanto no ano acumula baixa de 0,1%.
“A grande charada do momento é saber qual o nível de elasticidade do Brasil, pois a Bolsa está barata em dólar. Por mais que a atividade econômica seja fraca, o descasamento do real frente às demais moedas emergentes atrai investidores”, diz Raphael Figueredo, da Clear.
As ações da Vale, que operaram em baixa por uma parte do pregão por causa da desvalorização dos preços do minério de ferro, conseguiram se recuperar e subiram. Os papéis preferenciais da mineradora fecharam em alta de 0,94%, a R$ 17,10, e os ordinários tiveram alta de 0,46%, a R$ 19,59.
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As ações da Petrobras caíram no pregão. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, tiveram queda de 0,43%, a R$ 9,24. As ações ordinárias, com direito a voto, caíram 1,30%, a R$ 9,09.
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