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Economia

Dólar sobe para R$ 3,87 com alta de 2% mesmo com ação do Banco Central

O Banco Central tentou segurar o dólar nesta quarta-feira, 27, mas não teve sucesso. Mesmo durante o jogo do Brasil na Copa da Rússia, a moeda chegou a renovar várias máximas, para fechar em R$ 3,8755 (+2,04%), a maior cotação desde o dia 7 de junho (R$ 3,9146). Entre os principais países emergentes, o real teve o segundo pior desempenho ante o dólar, perdendo apenas para a moeda da África do Sul. Especialistas em câmbio citam, entre os principais fatores para explicar a alta da moeda dos Estados Unidos hoje, o cenário externo adverso, saída de recursos de estrangeiros do Brasil e ação de especuladores com os vencimentos dos swaps.

O BC fez dois leilões de linha, que é a venda de dólar no mercado à vista com compromisso de recompra, colocando um total de US$ 2,425 bilhões no mercado. O diretor de um banco europeu ressalta que só o fato de o dólar já estar subindo no exterior – por causa da normalização da política monetária dos Estados Unidos e da tensão comercial entre Washington e outros países – já é fator suficiente para manter o câmbio pressionado aqui. Para piorar, ele acrescenta que o Brasil tem um quadro de elevada incerteza com a eleição presidencial, sem sinalização clara de que um candidato reformista vá vencer, o que abre espaço para movimentos especulativos e fuga de capital externo.

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Dados do Banco Central do fluxo cambial confirmam saída de capital externo pelo fluxo financeiro (que inclui as aplicações em bolsa e renda fixa). Entre os dias 18 e 22, foram retirados US$ 766 milhões em valores líquidos. Operadores começaram a notar a retirada dos recursos em meados da semana passada, quando as taxas do cupom cambial (juro em dólar) começaram a subir. Para alguns profissionais do mercado, foi esse movimento que levou o BC a ofertar linha, o que não fazia desde março. O final deste mês é tanto encerramento de trimestre como de semestre, o que aumenta a demanda por dólar no mercado à vista para remessa de recursos ao exterior por empresas.

Para o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, a atuação da autoridade monetária no câmbio está correta. “O importante para o BC é irrigar a liquidez no mercado de câmbio, mas sem também gerar muita previsibilidade”, ressalta ele. “As intervenções no mercado de câmbio têm sempre que deixar algum risco para quem tem posições, quer sejam compradas ou vendidas”, disse ele. “A atuação do BC tem sido, de maneira geral, correta.”
 

Bolsa 

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Depois de três altas consecutivas, com as quais havia subido 1,90%, o Índice Bovespa perdeu fôlego e cedeu ao movimento vendedor das bolsas de Nova York e à forte alta do dólar. O principal índice de ações da B3 chegou a subir 0,88% pela manhã, mas firmou-se em terreno negativo à tarde e fechou aos 70.609,00 pontos, com queda de 1,11%. O desempenho teria sido pior, não fosse a valorização das ações da Petrobras, que acompanharam as altas do petróleo no mercado internacional e amenizaram as perdas por aqui.

As mínimas do dia foram registradas justamente nos momentos de liquidez mais reduzida, enquanto a seleção brasileira enfrentava a Sérvia na Copa do Mundo. Com as bolsas de Nova York em queda generalizada e o dólar em alta superior a 2% ante o real, o Ibovespa chegou a marcar 70.133,96 pontos (-1,78%). O volume de negócios acabou ficando acima do esperado para um dia de jogo do Brasil, somando R$ 8,7 bilhões.

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As bolsas de Nova York consolidaram as quedas à tarde, depois da constatação de que o Partido Republicano não conseguiu os votos necessários para aprovar um projeto de reforma imigratória na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. A medida foi rejeitada por 301 votos contra 121 favoráveis. Já o petróleo reforçou o sinal de alta da véspera depois que o Departamento de Energia dos EUA (DoE) divulgou que os estoques da commodity caíram 9,891 milhões de barris na semana passada, bem mais que a queda de 2,8 milhões prevista. 

Influenciadas pelo petróleo, as ações da Petrobras terminaram o dia com ganhos de 2,70% (ON) e 3,18% (PN). Por outro lado, as ações do setor financeiro, responsáveis por mais de 25% da carteira do Ibovespa, caíram em bloco. Entre elas, os destaques ficaram com Banco do Brasil ON (-2,06%), Itaúsa PN (-2,97%) e Itaú Unibanco PN (-1,81%).

A puxada do dólar para o nível dos R$ 3,87 foi também motivo de preocupação no mercado de ações, segundo um gerente de renda variável que não quis se identificar. “Apesar de o dia ter sido de fortalecimento do dólar no exterior, o mercado está desconfortável com os últimos acontecimentos no STF. Há uma percepção clara de que as decisões têm tido cunho mais político do que jurídico. Isso está incomodando e acreditamos que o dólar reflete isso”, disse um profissional sobre as decisões do colegiado da véspera, entre elas a que colocou em liberdade o ex-ministro petista José Dirceu.

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Juros

Os juros futuros confirmaram no encerramento da sessão regular o movimento de alta que conduziu as taxas desde a abertura dos negócios. A oscilação esteve mais reduzida na última hora, com boa parte dos profissionais acompanhando o jogo entre Brasil e Sérvia, mas ainda assim as taxas aceleraram levemente o avanço, acompanhando a ampliação dos ganhos do dólar, mas sem retornar às máximas. Além da piora no câmbio, a Bolsa também renovou mínimas, em linha com a deterioração do clima externo.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou em 6,970%, de 6,929% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2020 terminou com taxa de 8,55%, de 8,41% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2021 subiu de 9,39% para 9,55% e a do DI para janeiro de 2023, de 10,91% para 11,02%.

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Por volta das 16h20, o dólar batia a máxima de R$ 3,8755 (+2,04%), refletindo o fortalecimento da moeda no exterior, com o índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, também renovando máximas. A aversão ao risco cresceu depois que a Câmara dos Representantes nos Estados Unidos rejeitou um amplo projeto de reforma imigratória. Além disso, pesa sobre os negócios a afirmação do diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não tem planos de suavizar a posição americana sobre as relações comerciais com a China.

O dólar também renovou máximas em relação ao dólar canadense nesta tarde, após um discurso do presidente do Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês), Stephen Poloz, que afirmou que as tarifas americanas sobre aço e alumínio importados pelos Estados Unidos seriam consideradas na próxima reunião de política monetária do banco central, em julho.

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