A instabilidade na cotação do dólar causa apreensão nos setores da economia que atuam com vendas para o mercado externo e também com importações de produtos. Na última segunda-feira, 27, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 4,2098 na venda (dólar comercial). Foi o maior valor de fechamento desde 2 de dezembro, quando atingiu R$ 4,2139. A alta reflete pontos positivos e negativos. O secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, destaca que é imprevisível afirmar quanto tempo essa elevação pode durar.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou há poucos dias que não estava preocupado com a alta do dólar e que o país precisará se acostumar com uma taxa de juros mais baixa e um dólar mais alto. Romeu Schneider observa que essa situação tem um efeito de estímulo às exportações que tende a ser mais positivo do que negativo. “Para a exportação é positivo, ainda mais aqui para a nossa região, onde o principal produto é o tabaco. É um período em que se exporta mais pela mesma quantidade de dólares. No entanto, na hora de fazer a conversão, se obtêm mais em reais”, afirma.
Sobre os fatores negativos, Schneider admite que a instabilidade da cotação prejudica o planejamento. “Fica muito difícil tomar uma decisão. Nós dependemos de insumos, nossa matéria-prima são fertilizantes, e isso, com certeza, nos prejudica muito”, disse. Segundo Schneider, o aumento do dólar reflete automaticamente na elevação do preço final para o consumidor. “Ainda não estamos no período do plantio, onde se exige mais consumo de fertilizantes, mas a partir do segundo semestre o aumento deverá ser sentido”, projeta. “As empresas, ao fazerem a importação da matéria-prima, terão que pagar pelo valor que é cobrado lá fora. Isso em dólar não aumenta, mas em reais cresce porque a cotação está alta.”
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Coronavírus
Outra situação que causa muita insegurança ao mercado é a questão do coronavírus, originário da China e que já provocou a morte de dezenas de pessoas e infectou milhares em todo o mundo. “Ele está se alastrando rapidamente e já atinge quatro continentes. Consequentemente, causa impactos negativos na atividade econômica da China, a segunda maior potência do mundo”, afirma Romeu Schneider.
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O diretor administrativo-financeiro da Xalingo S/A, Flávio Haas, também concorda que a instabilidade da cotação é o maior problema. “A oscilação muito acentuada prejudica nosso planejamento. Especificamente hoje, a Xalingo está importando mais que exportando”, diz. A empresa com sede em Santa Cruz do Sul tem como principal fonte de matéria-prima o plástico, que é uma commodity, cujo valor é definido pelo mercado internacional, em dólar. “E com a alta, é evidente que os fornecedores tendem a repassar este aumento”, diz. “Em nossas projeções imaginávamos o dólar entre R$ 4,00 e R$ 4,05, mas está bem acima, gerando custos que vão ter que ser absolvidos.”
Procurado para falar sobre o impacto da atual cotação do dólar nos negócios das empresas do setor, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), por meio da assessoria de comunicação, preferiu não se manifestar nesse momento.
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