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Dois são indiciados pela morte de mulher grávida em Santa Cruz

Foto: Reprodução/Facebook

Vítima, Lisiane Vieira Bicca tinha 40 anos

Já está na mesa da juíza Márcia Inês Doebber Wrasse o inquérito de 450 páginas que detalha um dos casos de homicídio de maior repercussão registrado este ano em Santa Cruz do Sul. A delegada Raquel Schneider finalizou a investigação sobre o assassinato de Lisiane Vieira Bicca, de 40 anos, morta em 26 de junho, por volta de 17h40, com um tiro na cabeça, em sua casa na Rua José de Oliveira Lopes, no Bairro São João.

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Lisiane, grávida de quatro meses, estava no banho após chegar do serviço em uma fumageira da cidade, quando foi alvejada por um disparo de pistola calibre 9 milímetros por homens que adentraram a sua casa. Os três filhos menores, uma menina de 5 anos, e dois meninos de 9 e 12, encontravam-se no imóvel, enquanto a mais velha, de 19 anos, estava no trabalho.

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Dois homens, de 31 e 34 anos, terminaram indiciados no inquérito da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e tiveram as prisões temporárias convertidas em preventivas. Eles vão responder por homicídio duplamente qualificado. As qualificadoras são motivo torpe (desavenças relacionadas ao tráfico de drogas) e recurso que dificultou a defesa do ofendido (vítima foi pega de surpresa com disparo).

Um outro rapaz, de 23 anos, que é sobrinho do homem de 34, chegou a ser preso como suspeito de envolvimento no caso, mas foi solto para responder em liberdade pelo crime de favorecimento pessoal, com pena de detenção de um a seis meses e multa, e que configura a prática de uma pessoa que assegura a fuga de um criminoso.

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“Ele era o motorista no dia do crime, levou os outros dois até a casa. Não foi constatada a participação dele diretamente no homicídio. Ele favoreceu a fuga, mas não tinha conhecimento do que iria acontecer lá no local”, explicou a delegada Raquel. Em virtude disso, para este rapaz foi instaurado um procedimento em apartado, que será analisado pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim).

A apuração do trajeto percorrido pelo Chevrolet Corsa sedan que foi até a casa da vítima no dia do crime é uma das principais provas do inquérito e foi possível a partir de imagens de câmeras. Conforme o comissário Orlando Brito de Campos Júnior, que atuou na investigação, foi realizado um mapeamento do trajeto do automóvel, com análise de diversas câmeras, visualizando inclusive o retorno do veículo após o assassinato.

Tio e sobrinho foram presos no dia 11 de setembro, na Operação Juramento Divino. O jovem foi detido na Rua Adolfo Pritsch, no Bairro Bom Jesus, e o mais velho, que já tinha antecedente por tráfico em sua ficha, foi capturado junto ao pedágio de Taquari, onde trabalhava monitorando o “pare e siga” de veículos em obras da Sacyr, na RSC-287. O homem de 31 anos, morador do Loteamento Berçário Mãe de Deus, no Bairro Santuário, tem antecedentes por tráfico e homicídio, e foi capturado no dia 25 de setembro, trabalhando em limpezas nas proximidades do Parque da Oktoberfest.

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Tráfico como pano de fundo

A respeito da motivação para o assassinato, segundo a delegada Raquel Schneider, foi comprovado nas apurações que o caso está ligado a desavenças entre grupos criminosos vinculados ao tráfico de drogas em Santa Cruz, embora não se tenha identificado detalhes da situação. Ainda que o inquérito esteja finalizado, no decorrer do processo, segundo a titular da Deam, novos detalhes podem ser acrescentados, após o encerramento de algumas diligências ainda pendentes.

Fato ocorreu em casa no Bairro São João

No dia do crime, a Gazeta do Sul foi ao local e conversou com moradores e testemunhas. Segundo um parente, que preferiu ter o nome mantido em sigilo, o ex-companheiro da vítima, de 36 anos, que tem antecedentes policiais, teria cometido algum tipo de crime patrimonial contra um dos líderes do tráfico na Zona Sul da cidade e, depois, foi embora para Santa Catarina.

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Em represália, o líder do tráfico, atualmente preso, teria mandado dois subordinados irem atrás dele na residência. A suspeita é de que os autores chegaram ao local, não encontraram o alvo inicial e atiraram contra a ex-companheira dele. Conforme a delegada Raquel Schneider, o ex-companheiro, que é pai dos filhos de Lisiane e também da criança que estava sendo gestada, foi localizado pela Deam e ouvido. O conteúdo do depoimento não foi revelado.

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Sabe-se que o ex-marido de Lisiane tem longo histórico de envolvimento criminal passado e recente. Entre os delitos pelos qual foi identificado como um dos envolvidos está um assassinato ocorrido dois meses antes do da mulher. Segundo investigação da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), ele teria fornecido a um matador a pistola para executar Vitor Gabriel Nunes, de 18 anos, na Rua Canguçu, no Bairro Esmeralda, em 28 de abril.

Ele cumpria prisão domiciliar na época do homicídio de Vitor e saiu da cidade após pedir transferência para Santa Catarina. Nesse meio-tempo, outra condenação, essa da Justiça de Santa Maria para ele, transitou em julgado. Com um acréscimo de pena, passou a cumprir regime fechado no Estado vizinho. Teve prisão preventiva decretada pelo homicídio do jovem de 18 anos e terminou indiciado pela 2ª DP ao final do inquérito. Os nomes dos envolvidos não foram revelados.

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