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ATAQUE À PEVA

Dois anos de um dos maiores atentados ao sistema penitenciário gaúcho; relembre

Disparos de fuzil atingiram o alto da guarita 1 da casa prisional, onde estava um policial

O dia 23 de maio de 2021 ficou marcado na memória dos agentes penitenciários e policiais militares que estavam fazendo a guarda da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). Passavam alguns minutos das 2 horas daquela madrugada quando uma chuva de disparos de fuzil atingiu o alto da guarita 1 da casa prisional, quebrando vidros e perfurando o concreto da estrutura.

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Bandidos fortemente armados realizaram aquele que é considerado um dos maiores atentados ao sistema penitenciário gaúcho. O objetivo era resgatar um apenado do local, ligado a uma facção criminosa. O caso completou dois anos e até hoje ninguém foi preso ou indiciado pelo ataque. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Santa Cruz do Sul, responsável por essa investigação, aguarda uma série de perícias para juntar ao inquérito.

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O objetivo da investigação sigilosa, que segue em curso, é identificar quem foram os criminosos que agiram no local, bem como esclarecer de forma conclusiva a sua motivação. Na ocasião, os bandidos usaram fuzis de calibres 223, 556 e 762, além de pistola 9 milímetros. Foram, no mínimo, 163 disparos efetuados nos poucos minutos do ataque.

Das dezenas de tiros, 31 marcas de projéteis foram identificadas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) na estrutura da guarita 1 da Peva, onde um policial militar estava – 13 nos vidros e o restante na alvenaria. Quatro orifícios também foram localizados na guarita 2, onde não havia agentes. Além de dois bandidos que invadiram o terreno a pé, outros entraram em três veículos pelo acesso externo lateral, próximo à estação de tratamento de esgoto da penitenciária.

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Eles tripulavam um Chevrolet Captiva prata, blindado, com placas de Pernambuco; um Jeep Renegade também prata, de Porto Alegre; e uma Ford EcoSport preta, com placa do Mercosul. A ação tinha como objetivo resgatar um presidiário, mas foi frustrada pelos agentes penitenciários e policiais militares, que trocaram tiros com o grupo. Nenhum servidor ficou ferido, mas sabe-se que um dos quadrilheiros foi baleado, pois o IGP encontrou sangue em diversas partes da Peva.

Após minutos de trocas de tiros, os criminosos desistiram do plano e fugiram. As autoridades policiais não revelaram o nome do preso ou das facções envolvidas no caso. Imediatamente após o fato, a Superintendência do Serviços Penitenciários (Susepe) transferiu-o da Peva para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde permanece recolhido.

Provas do crime analisadas

A Gazeta do Sul questionou o IGP sobre o andamento das análises. Nos objetos coletados e nos veículos, os peritos realizaram exames papiloscópicos para revelação de impressões digitais. Também obtiveram amostras para pesquisa de DNA de contato dos objetos que tenham sido manipulados.

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O Posto de Criminalística do IGP de Santa Cruz afirmou que aguarda a indicação de suspeitos pela Draco, para possível confronto das impressões digitais reveladas nas perícias. Os materiais apreendidos também estão guardados, até que a Draco julgue necessária a realização de exames e encaminhe ofício de solicitação ao IGP.

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Foram apreendidos dezenas de metros de correntes acopladas a cadeados e miguelitos (metais pontiagudos, usados para furar pneus); escudos artesanais com chapas de aço; um grande alicate usado para corte de vergalhão e um potente esmerilhador para serrar grades, além de diversos pacotes com dezenas de estojos de calibres 223, 556, 762 e 9 milímetros.

Três veículos utilizados pelos criminosos foram localizados. A Captiva e o Renegade ficaram atolados na lama durante a fuga. Nos carros havia dinamite, garrafas de combustível e um coquetel molotov – bomba incendiária artesanal feita com garrafa pet e gasolina. Já a EcoSport foi localizada pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar um dia após o crime em Picada Mariante, interior de Venâncio Aires, sem as rodas e com marcas de tiros.

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A Captiva era blindada. Os outros dois veículos receberam escudos de aço adaptados, para proteger os ocupantes de disparos. Não se descarta que mais veículos tenham sido utilizados na ação. Uma touca ninja suja de sangue, localizada na Peva, foi encaminhada ao Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP para extração de DNA. Também havia manchas gotejadas de sangue no terreno, sobre o chão e pedras.

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A polícia ainda apreendeu dois escudos de aço portáteis, usados pelos criminosos para se proteger de tiros. Outra prova obtida foram imagens de câmeras de segurança que mostram as correntes com miguelitos e cadeados, instaladas pelos bandidos em duas pontes na RSC-287. Uma ficou cerca de 300 metros antes do acesso à Peva, para quem segue pela rodovia de Santa Cruz em direção a Porto Alegre, na localidade de Ponte Queimada.

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Outra corrente com miguelitos foi instalada em uma ponte 15 quilômetros depois da penitenciária, em direção a Porto Alegre, próximo a Mariante. O objetivo das correntes dá ideia da ousadia e periculosidade dos homens que realizaram o ataque: para impedir a chegada de viaturas, decidiram bloquear todo o trânsito em uma das principais rodovias do Estado.

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