“Coleta de sangue deve ser retomada em maio em Santa Cruz.” O título da matéria, publicada pelo Portal Gaz, na última segunda-feira, 14, logo chamou a atenção. Minutos após, a comunidade já vibrava com a notícia. Nas redes sociais, a repercussão foi rápida entre os leitores. E os comentários se multiplicaram: “Até que enfim será retomado esse serviço tão essencial”, “Estou só esperando a reabertura para dar continuidade à doação”, “Já estava na hora”, “Que maravilha”, “Finalmente”.
Desde maio de 2024, as coletas não ocorrem mais no município. Reflexo ainda dos prejuízos causados pela enchente que assolou o Rio Grande do Sul. Na ocasião, as dificuldades nas operações logísticas comprometeram o envio das amostras à sede do Hemovida, localizada na Região MetropolitanaMesmo que já tenha se passado quase um ano da decisão, ao chegar no espaço utilizado pelo banco de sangue, junto ao Hospital Santa Cruz (HSC), muitos lamentam o aviso ainda fixado na porta: “Não estamos realizando coletas de sangue no momento em Santa Cruz. As mesmas estão sendo realizadas na Matriz, em Novo Hamburgo. Qualquer novidade, avisaremos”.
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As boas novas, no entanto, se avizinham. Diante dos pedidos e do movimento de lideranças políticas nos últimos meses, há expectativa de que os serviços sejam retomados em pouco tempo. Embora não se tenha relatos de problemas relacionados ao abastecimento, os veteranos e os novos integrantes do grupo da doação esperam que a data de reabertura se concretize no calendário o quanto antes.
Uma mobilização para fazer o bem na saúde
O registro na carteirinha de doador comprova: são mais de duas décadas de comprometimento. No dia 17 de maio de 2004, Vera Quoos se dirigiu ao Hemovida, na Rua Fernando Abott, 174, no centro de Santa Cruz, para realizar a sua primeira doação de sangue. Ao longo dos mais de 20 anos, a assistente de almoxarifado procurou manter uma periodicidade, doando praticamente de três em três meses. “Às vezes passava um pouco, até por questões de um resfriado ou algo assim no inverno”, conta.

A última visita ao ponto de coleta, no entanto, ocorreu pouco antes da pandemia. Depois disso, não conseguiu mais conciliar a prática com os períodos de tratamento de saúde, sem falar no deslocamento. “Não doei mais, até por causa da distância. É longe para ir a Lajeado ou a Porto Alegre”, lamenta.
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Hoje, com o passar dos anos, a moradora do Bairro Linha Santa Cruz deseja voltar a praticar a boa ação. Para ela, que começou a doar a partir de uma demanda surgida no ambiente de trabalho, o ato é nobre. “Salva vidas. A gente nunca sabe o dia de amanhã, se não vamos precisar também para algum familiar ou até mesmo para si. Com certeza, está na hora de voltar ao normal. Já está fazendo muita falta.”
Um presente
Nessa torcida, por sinal, está Carlos Corrêa da Rosa, de 59 anos. Para ele, o ato é tão significativo que estabeleceu um ritual: doar no próprio aniversário. “Todo dia 29 de dezembro era certo. Para comemorar o novo ciclo, retribuía fazendo a doação de sangue.” Mas essa não era a única aparição dele por lá. Mais uma ou duas vezes ao ano, disponibilizava-se para a coleta.
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Doador desde 2007, o técnico em agropecuária acessou o Hemovida pela última vez em dezembro de 2023. “Não cheguei a ir a outros municípios porque entendo que, para uma cidade do porte de Santa Cruz, é inexplicável não ter uma estrutura para coleta de sangue. Somos referência em muitas especialidades médicas, mas o básico não temos.”
Para ele, doação não é somente bens materiais, prestação de serviços comunitários ou dinheiro. “É uma decisão pessoal. Entendo como importante poder compartilhar o meu sangue com outras pessoas, mesmo que desconhecidas, que necessitam disso para sua saúde e sua sobrevivência.” E quando questionado se gostaria que tivesse a coleta novamente na cidade, ele é categórico: “Sim, urgente!”.
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Fazer o bem está no sangue
Voluntários em qualquer ocasião, para os grupos escoteiros a saúde é prioridade. Na última quarta-feira, por exemplo, o Grupo Escoteiro Santa Cruz (Gesc) mobilizou-se para ir a Lajeado realizar doação de sangue. A iniciativa procurou ajudar o pai de um membro, hospitalizado no Vale do Taquari.

“Aqui em Santa Cruz, foi realizada uma campanha no ano de 2023, mas sem o hemocentro atuando não demos continuidade”, afirma a chefe Louíse Elsenbruch, dos setores de Administração e Comunicação.
De acordo com ela, o grupo entende que as enchentes afetaram a logística de infraestrutura de transporte, mas gostaria que as coletas voltassem à normalidade. “Com certeza, mobilizaríamos muito mais doadores. Sendo em outro município, como foi dessa vez, dificultou para muitos, considerando transporte, horários.”
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Pauta Política
Os apelos para a retomada dos serviços têm sido pauta das sessões na Câmara de Vereadores. No início de abril, a presidente Nicole Weber usou o espaço na Tribuna para abordar o tema. “É inconcebível que uma cidade como a nossa, com quase 140 mil habitantes, não tenha um local para realizar suas doações e ter um banco de sangue.”
Antes disso, na primeira sessão ordinária de 2025, no dia 3 de fevereiro, o vereador Raul José Hermes trouxe o assunto à tona. “Essa foi minha primeira pauta. Logo após a eleição, muitas pessoas já me procuraram e pediram que eu trabalhasse para que voltasse a ter doação de sangue em Santa Cruz.” De acordo com ele, o assunto vem sendo negociado entre as partes interessadas desde então, mas “ainda há muitos detalhes a acertar”.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Rabuske, o tema foi debatido com o Hemovida e o Hospital Santa Cruz (HSC) desde o início da gestão. “A gente fica muito feliz com o anúncio da volta dessas coletas, agora quinzenalmente, mas esperamos que, no futuro, ocorra de forma periódica novamente. Vamos seguir trabalhando para que o serviço seja retomado em sua integralidade.”
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Apelo da comunidade
Embora as coletas não estejam sendo feitas desde o ano passado, segundo o Hospital Santa Cruz (HSC), as demandas da instituição continuaram a ser supridas sem complicações. “Para o hospital, é imprescindível que haja a disponibilização de hemocomponentes para o tratamento dos pacientes, e essa necessidade tem sido atendida pelo Hemovida”, afirma o diretor-geral, Rolf Molz.

Apesar disso, a instituição entende que as coletas são importantes para a comunidade, que tem este apelo. “No início deste ano, o HSC foi acionado pelo vereador Raul Hermes para uma conversa sobre o tema. A partir disso, foram realizadas reuniões entre o poder público, o HSC e o Hemovida no intuito de conduzir a retomada das coletas e buscar a viabilidade para isso”, ressalta o diretor.
Contagem regressiva
Com mais de mil doadores cadastrados no município, o Hemovida planeja retornar com as coletas a partir de maio, quinzenalmente. “A retomada já era prevista por nós, mas os pedidos da comunidade auxiliaram nesse sentido”, afirma o diretor Douglas Fitarelli. A data exata, contudo, ainda depende de definições. “Estamos nos reestruturando, o serviço e a equipe. Dependemos disso para comunicar a todos com antecedência.”
Para estar preparado
Com a possibilidade de retomada nas coletas, é importante estar preparado para as futuras doações. Confira, a seguir, os critérios básicos para estar apto à doação.
- Ter idade entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos devem apresentar consentimento formal do responsável legal).
- Pessoas com idade entre 60 e 69 anos só poderão doar sangue se já tiverem realizado antes dos 60 anos.
- Apresentar documento de identificação, com foto, emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de Trabalho, Passaporte, Registro Nacional de Estrangeiro, Certificado de Reservista e Carteira Profissional emitida por classe). São aceitos documentos digitais com foto.
- Pesar no mínimo 50 quilos.
- Ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas.
- Estar alimentado. Evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação de sangue. Caso seja após o almoço, aguardar duas horas.
Bancos próximos
Vital Banco de Sangue, em Venâncio Aires: as coletas ocorrem de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h30, mediante agendamento. Mais informações pelo WhatsApp (51) 98597 0325 ou pelo telefone (51) 3741 7349. O atendimento ocorre no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
Hemovale Hemoterapia do Vale do Taquari, em Lajeado: funcionamento de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13 horas, na Avenida Benjamin Constant, 881 – 20 andar. Dúvidas podem ser esclarecidas via WhatsApp: (51) 98208 0885.
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Banco de Sangue do Hospital de Caridade e Beneficência, em Cachoeira do Sul: o horário de funcionamento para doação de sangue é das 7h30 às 11h30, de segunda a sexta-feira, junto ao hospital, na Rua Saldanha Marinho, 48. Telefone para contato: (51) 3722 0727.
Saiba mais
O Banco de Sangue Hemovida possui relação contratual com o HSC desde 2005 para o fornecimento de hemocomponentes usados em tratamentos de pacientes internados, bem como em tratamentos terapêuticos relacionados. A empresa também abastece outros hospitais de Santa Cruz do Sul e região. Sua Matriz está localizada em Novo Hamburgo, junto ao Hospital Regina.
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