Forte marca da expressão cultural de um povo, a música é capaz de transmitir mensagens diversas, florescer emoções e também contar histórias. É através dela que Adelar Rosa encontrou uma forma de levar Sobradinho, a região Centro Serra e o Rio Grande do Sul por onde passa.
O sobradinhense, escolhido patrono da 27ª Feira do Livro de sua terra natal, tem na música a arte de cantar a vida. Com mais de 100 músicas gravadas, o amor por esse segmento vem da infância, de ouvir os artistas nas apresentações em rádios. “Aprendi a gostar de música quando tinha por volta de 10 anos de idade. Em casa meus pais cantarolavam, brincando, pois nenhum era músico na família”, recorda Adelar.
Filho de Aristides Rosa e Ezotil Nunes Rosa, agricultores, cresceu em meio à lavoura e à produção de leite. Desde os seis anos de idade, saia junto com o pai para fazer entregas. Tempo mais tarde, quando Adelar já na juventude, seu pai passou a trabalhar com comércio, sendo proprietário do Armazém Brasil.
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A música como profissão só veio anos mais tarde. Antes disso, porém, Adelar se especializou na trova gaúcha, uma forma de repente, que consiste no improviso do trovador e em sua habilidade de transformar uma temática, com agilidade, em versos cantados. O primeiro prêmio, representando o CTG Galpão da Estância, foi em 1975.
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Casado com Odete Scherer Rosa e pai de Alessandro e Alex, Adelar trabalhou na agricultura e dividia-se entre as apresentações e concursos como trovador, até que a música passou a ter maior espaço em sua caminhada. “A partir de 1985 comecei a participar de concursos também de intérprete vocal da música gaúcha. Já são mais de 300 prêmios somando todas as frentes artísticas, sendo a maior parte deles na trova, para a qual sempre me dediquei a pesquisar sobre o que iria apresentar, saber da história do nosso Rio Grande, principalmente através de livros e contos gauchescos. Ainda em 1985 ganhei como campeão estadual de trova”, detalha.
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Com a necessidade de reduzir o trabalho na lavoura, Adelar passou a dar aula de música, com os seus fiéis companheiros (o violão, a gaita e o teclado), levando seus conhecimentos práticos a muitos alunos, de diferentes faixas etárias, na região. “Para meu orgulho, além dos meus filhos terem seguido este gosto pela música, tenho alunos que também seguiram este caminho e buscaram formações na área. Na música, o aluno tem que sentir a sede de voltar na aula, de se apegar e gostar do que está fazendo”, salienta.
Com a trova e a música, o sobradinhense se tornou conhecido em toda a região, mas também no estado e fora dele, percorrendo outras regiões do país e quebrando as fronteiras, como ao tocar na Argentina e Uruguai. “O Adelar Rosa, em questão artística, acho que tem mais coragem do que tudo. Pegar um avião, fazer muitos quilômetros, com seu violãozinho nas costas”, reforça ele.
Foi com 55 anos, em 2005, que Adelar se percebeu como profissional da música, mesmo já estando há anos neste segmento. “Foi quando gravei meu primeiro CD, intitulado ‘Quero matear com meu povo’. É nele também que está a música ‘O Rio Grande não te esquece’, em homenagem a Teixeirinha. Fiz um clipe onde está localizado o túmulo dele, em Porto Alegre. Compus esta música quando ele morreu, em 1985, e a gravei apenas em 2005, 20 anos depois”.
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A composição também sempre esteve atrelada à sua trajetória, além de cantar os versos de seus cantores de inspiração. “Agradeço a Deus. É um mistério. Quando pensa em um assunto, de repente o leque abre porque é para ti aquilo. Aí tu olha o que fez, dá aquele suspiro de felicidade. Sou uma pessoa de muita fé e agradeço”.
Entre as conquistas da carreira, além de levar o nome de Sobradinho a muitos lugares, está um Disco de Ouro pelo montante de vendas. Foram mais de 25 mil cópias vendidas. A premiação ocorreu em 2016, através da gravadora Master, de Santa Maria.
O nono CD da carreira já está no forno (são oito CD’s musicais e um de Causos e Poemas). O lançamento será durante a Feira do Livro. “A gente se enche de orgulho e de alegria em saber que faz um trabalho bom representando a nossa querência. Eu já estive em centenas de cidades e fui sempre bem recebido. Tudo graças a música, trova, família e amigos. Tenho histórias muito bonitas dessas andanças: ‘Manda o gaúcho vir aqui com a gaitinha e trazer os CD’s junto, que vamos comprar’. Foi assim em muitos lugares. Foi sempre muito legal. Eu não tenho medo de enfrentar a vida e ela te propõe esse leque, tu acompanha se quiseres”, ressalta.
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Adelar também se aventurou no rádio e apresenta, há cerca de sete anos, o programa Raça e Cultura, nos domingos da Rádio Gazeta FM 98.1. “Sempre lidei com microfone. É uma responsabilidade, mas muito legal. O contato com o ouvinte, a amizade, o tanto de pessoas que encontro e dizem que escutam o programa, pedem música, mandam recados. O pessoal é muito legal”.
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Hoje, com 73 anos de idade, recebendo a homenagem de ser patrono da Feira do Livro de Sobradinho, Adelar se diz realizado. “Temos que ser o que nós somos, enfrentar a vida e ser pessoas do bem. Para mim foi muita emoção saber que seria o patrono. Agradeço pelo reconhecimento. Isso enche a mim e a minha família de alegria. Vai ser um evento muito bonito: Da nossa Feira do Livro, que eu me senti privilegiado, vai ser uma feira diferente e eu estou muito honrado. Vai ter show de muitos artistas, valorizando nosso estado. Chegue lá, veja de perto, vocês são meus convidados”.
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Além do Patrono Adelar Rosa, a Feira do Livro de 2023 também reconhece Romar Beling como Escritor Homenageado e Robson Drachler como Escritor Convidado Especial. Na próxima edição do jornal, traremos matéria com ambos.
A diversificada programação da Feira do Livro, que ocorre concomitantemente com a 16ª Ferarte, de 9 a 11 de novembro, na Rua Coberta, convida a todos para participarem das atividades.
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