No dia 26 de novembro, o DTG Poncho Verde, de Panambi, cidade de aproximadamente 43 mil habitantes localizada na região Noroeste, a cerca de 250 quilômetros de Santa Cruz do Sul, consagrou-se como o grande campeão do 36º Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). A entidade conquistou, na noite daquele domingo, o troféu Destaque do Ano, além do prêmio de Grupo de Dança mais Popular e o primeiro lugar em quatro categorias da Força A: Danças Tradicionais, Melhor Saída, Melhor Entrada e Conjunto Musical de Invernada.
Cada vitória foi celebrada pelo grupo (formado por 15 prendas e 15 peões, além da coordenação e da patronagem) com muita emoção, gritos e saltos. Para os campeões, a festa aparentava não ter fim, mesmo quando parecia que estavam prestes a abalar a estrutura do Ginásio Poliesportivo do Parque da Oktoberfest.
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A farra foi compartilhada pelo público. Enquanto nas primeiras apresentações, há mais de uma década, estavam acostumados a se apresentar para espaços esvaziados, agora se depararam com um ginásio lotado e que reagia com intensidade ao espetáculo. “Sentimos essa energia logo no domingo de manhã. O público todo levantou para gritar ‘campeão’, e isso nos emocionou muito”, recordou o fundador da entidade, Ereneu Trennepohl.
Diante da reação popular, as expectativas aumentaram e, junto com isso, o medo por estar disputando o troféu junto com grandes grupos. No entanto, as incertezas diminuíram à medida em que alcançavam mais um título, surpreendendo a todos, especialmente os integrantes do departamento. Tal proeza não foi motivo de celebração apenas para a equipe de Panambi, mas também para todos os tradicionalistas do Noroeste do Estado. Essa foi a primeira vez que um grupo integrante da 9ª Região Tradicionalista, composta por 20 municípios, ganhou o título.
Um mês depois, a história dos competidores repercute entre os tradicionalistas, que testemunharam uma pequena turma de dançarinos que iniciou praticando no ginásio da escola transformar-se num competidor arrojado. “Ainda não caiu a ficha”, relatou Ereneu. “Seguimos comemorando desde então.”
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Decidido a voltar para casa com o troféu, o DTG Poncho Verde começou os preparativos para o Enart. Além de intensificar os treinamentos, era preciso escolher a música certa para o tablado.
“Resolvemos não criar uma música inédita, mas trabalhar com músicas já existentes e clássicos gaúchos”, explica o coreógrafo Alexsandro Ferreira de Lima, o Balaka, 43 anos. A aposta já havia dado certo em 2022, quando a entidade obteve o sexto lugar.
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Elegeram Os Homens de Preto, referência à música de mesmo nome de Paulo Ruschel, e O Boi é Bicho, mas tem Alma sob o Couro, em homenagem à composição Poncho Molhado, de José Hilário Retamozo e Ewerton Ferreira. “A partir da escolha, desenvolvi toda a temática e a performance para chegarmos ao resultado”, detalha Balaka.
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Antes de entrarem na pista, foi necessário muita pesquisa e estudo em cima das movimentações para o grupo transmitir a mensagem da música por meio dos passos e danças. Em especial, a temática sobre a relação do gado com o homem, mencionada nas letras. Começava então uma caminhada intensa, marcada por muitos ensaios, abraçada por todo o grupo. “Foi um ano diferente”, recorda o engenheiro civil Jean Leonardo Huber, 29 anos, integrante do DTG há uma década. “Começamos meio indecisos, mas nos agarramos ao sonho e seguimos em frente. Foi um ano de muita preparação e dedicação.”
Para muitos, a escolha significou abdicar do tempo livre e de momentos em família, amigos e festas para praticar. Houve momentos em que passaram madrugada adentro ensaiando. “Tudo tem um custo”, afirma Jean, que mora em Três Passos, a cerca de 150 quilômetros de Panambi. “Descobrimos, na prática, que não há atalhos. É preciso bater na mesma tecla várias vezes, ou seja, trabalhar, trabalhar, trabalhar e corrigir, arrumar, ajeitar todos os erros.”
Com muito sacrifício e empenho, veio o título de grande campeão do 36º Enart. Para a equipe, não há mistérios quanto ao resultado obtido. “Muitas vezes me perguntam fórmulas e segredos. Mas não existe”, explica Balaka, que está na função de coreógrafo do grupo há três anos. “Se existe segredo, podemos chamá-lo de trabalho e humildade, saber reconhecer os seus defeitos, corrigi-los. Acho que essa é a fórmula.”
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