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Do primeiro traço à realização: a trajetória de Mel Huwe

O que é realização profissional para você? Algum tempo atrás, seria sinônimo de carreira estável para a venâncio-airense Mel Huwe, de 37 anos. Mas essa realidade mudou. Há seis anos, a maternidade proporcionou uma virada na vida dela – e colocou tudo no lugar. Os escritórios de arquitetura deram lugar ao estúdio de tatuagem e à arte. A nova perspectiva veio com a chegada da pequena Lily; foi quando também começou a história de Mel com o empreendedorismo.

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Veio morar em Santa Cruz ainda na época da faculdade, há cerca de 12 anos. Em 2017, trabalhava com arquitetura, área em que é formada, quando se tornou mãe. “Depois que a Lily nasceu, a rotina de trabalhar oito horas por dia, fazer hora extra, não ter liberdade, começou a pesar muito. Não estava mais fazendo sentido. Então, eu queria um trabalho que me realizasse, ao mesmo tempo que me proporcionasse mais qualidade de vida e tempo”, explica. Antes disso, nunca tinha sonhado com a profissão que hoje preenche o coração. “Ser tatuadora nunca tinha passado pela minha cabeça”, brinca.

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Mel e a filha, Lily | Foto: Arquivo Pessoal

A ligação com o mundo artístico, até mesmo em função da arquitetura, fez com que arriscasse os primeiros passos na tatuagem. “Foi meteórico; logo já havia pessoas interessadas e o traço mais fino e delicado foi ganhando muita força e espaço. Na época, era um trabalho predominantemente masculino, e as clientes mulheres logo se identificaram com o meu estilo”, conta.

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Chegou a ter medo de ser julgada, mas conquistou o próprio espaço no cenário santa-cruzense, com muita determinação. “Ainda existe preconceito com trabalhos artísticos, por parecerem menos profissionais, e a tattoo em si tem uma má fama por ter sido feita de forma muito amadora em outras épocas. Hoje não existe mais espaço para isso”, destaca, ressaltando a qualidade dos materiais e serviços oferecidos. “Acredito que consegui conquistar o meu espaço explorando estilos diferenciados e trazendo um novo conceito para o studio, que incluem um atendimento mais personalizado, acolhedor e individualizado.”

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O jeito próprio de fazer arte

Os registros das tatuagens nas redes sociais já são exemplos do talento da artista. Mas poucos conhecem o processo antes da foto final. Conforme Mel, o princípio mais importante é respeitar o próprio estilo e o desejo dos clientes. “É importante para mim compreender o significado e a estética que o cliente deseja. Hoje já cheguei em um momento onde consigo orientar algumas decisões e conto com a confiança de quem me escolhe para desenvolver o projeto”, destaca.

Mesmo dominando as técnicas necessárias, leva em consideração o instinto na hora de tatuar: “Um fato curioso é que sou muito mais tatuadora do que desenhista”, diz. “Meus desenhos geralmente são esboços que servem para me guiar na tattoo. O cliente precisa confiar no processo. A arte mesmo acontece na pele. É muito intuitivo.”

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Lidando com a burocracia

Indispensável, além da intuição, é a organização quando o quesito burocrático do empreendedorismo entra em cena. “Como tudo na vida, existe ônus e bônus”, diz Mel. No começo da carreira, lidava com todas as etapas do processo sozinha, como é a realidade de muitos empreendedores santa-cruzenses.

A crescente demanda, no entanto, a obrigou a buscar um par extra de mãos para dar conta de parte contábil, compra de materiais, agenda, pagamentos etc. Assim, consegue focar na própria arte e paixão. “Hoje, eu conquistei a liberdade de horários, trabalho em um ambiente que eu amo, com pessoas que amo, fazendo o que mais gosto. Apesar dos desafios, sou muito grata por fazer isso acontecer todos os dias”, destaca.

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A realização profissional, neste sentido, ultrapassa a simples noção de estabilidade. “Vejo muitos profissionais hoje neste processo de busca por realização. Acho que estamos com outra perspectiva sobre qualidade de vida”, reflete. Se resume, como sempre, ao amor pelo que se faz. “Gostaria sim de dar o exemplo para a Lily de tudo o que aprendi nessa jornada, sobre fazer um trabalho autêntico, com amor.”

Hoje Mel conta com ajuda na parte burocrática, mas precisou fazer tudo sozinha por um bastante tempo | Foto: Albus Produtora

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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