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JOSÉ ALBERTO WENZEL

Do palco ao quarto: o mesmo brilho

Chegava cantante. Cumprimentava sorrindo. Ao nome da pessoa emendava uma rima acolhedora. Assim era o padre Roque Schneider. Transformava o comum do cotidiano em evento. Às pregações imprimia um cunho pessoal, criativo.

O que vem sendo repetido, século após século, encontrava nele um formato renovado. Sabia incluir os presentes, tornando-os sujeitos e não meros assistentes. Arrastava multidões. Seus retiros espirituais imantavam. Sendo jesuíta, citava com paixão a São Francisco de Assis, o franciscano inspirador do atual papado.

Obtinha bons índices de audiência com suas reflexões na rede Vida de Televisão e na Rádio Aparecida. A comunicação foi seu forte. Gostava do cinema, do teatro e da escrita. Desde cedo viu nas letras um caminho diferenciado. Dirigiu, nos tempos de seminário, a Revista Conquista, muito conhecida à época.

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Depois se dedicaria à Revista Eco e contribuiria com o Livro da Família, dirigida por seu confrade Attílio Hartmann. Escreveu muito e em diferentes plataformas. Mais de 160 livros compõem seu acervo. Produzia folhetos e cartões com mensagens. Tudo era motivo para um bom texto. Fosse uma viagem, um encontro, uma paisagem, nada lhe escapava à mão escrevente. Em letras rápidas e grandes rabiscava folhas de almaço. Reescrevia, burilava. Ouvia o som das palavras. Preferia frases curtas.

Tanto em suas falas quanto em seus textos, optou por transmitir mensagens positivas e otimistas. Não que desconhecesse a tristeza, a dor e a doença. Esta foi outra de suas características: preocupar-se em visitar e dar atenção aos adoentados e seus familiares. Nestes encontros, partilhava sua especial devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Não se despedia sem abençoar. Mesmo quando o ônibus, a carona, o táxi ou o avião já estivessem por partir, ele não seguia sem desejar “Paz e Bênção!” Mantra entoado com renovado afeto a cada oportunidade.

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Sim, em suas andanças, que não foram poucas, distribuiu e amealhou emoções e carinho. Por óbvio, que nem sempre se saía tão bem assim, até porque defeitos, como todos nós, também ele os tinha. Defeitos tornados tão menores perante as virtudes, imensamente maiores.

O jesuíta missioneiro, nascido em Cerro Largo (RS), reconhecido como cidadão do mundo, falecido no dia 25 de fevereiro, tomaria uma decisão que nos faz refletir: adoentado, recolheu-se, a partir de 2013, na casa Nossa Senhora da Estrada, em São Paulo.

Ali permaneceu por 10 anos. Como se sentiu alguém tão afeito aos microfones e às plateias? Que mensagem ele nos quis transmitir ao tomar tal atitude? O que terá escrito e não publicado? Não tem a biografia dele pontos em comum com nossas vidas? Uma coisa é certa. Ele nos abençoa e deseja uma virtuosa Semana Santa.

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