Há muitos anos faço contribuições mensais para duas instituições beneficentes que, a exemplo de outras congêneres, luta com imensas dificuldades para manter o atendimento. Uma entidade atende idosos no município de Canoas. A outra fica na zona sul de Porto Alegre e se dedica a cuidar de crianças carentes.
Ao longo do ano, além do auxílio normal, são realizadas mobilizações especiais. Uma delas ocorre no começo do inverno, com a finalidade de comprar cobertores e roupas quentes para os assistidos. Também são feitos pedidos extras empregando os recursos arrecadados para reformas de manutenção nos prédios, o que eleva os custos para manter esses locais em funcionamento.
Inúmeras vezes pensei em suspender a ajuda para transferir apoio a outras agremiações. Mas, na hora H, desisto porque pelo menos o grupo que atende idosos, conheço pessoalmente. É imensurável a quantidade de iniciativas beneficentes, mesmo anteriores à pandemia. Uma das consequências positivas ao longo desta clausura obrigatória é o despertar das pessoas em apoiar organizações que fazem o bem.
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Conheço muitos amigos que compraram máscaras reutilizáveis de associações assistenciais. O mesmo ocorreu na compra de feijoada, doces, artesanato e um sem-número de produtos. As restrições obrigaram muita gente a olhar para dentro de si mesmas. Confinadas, falando somente através do uso de tecnologia e distantes do contato físico, descobriram a possibilidade de ajudar com muito pouco.
Sempre procurei ajudar, mas foi através da minha filha que conheci o verdadeiro impacto desse hábito tão simples, mas tão engrandecedor. Ela mantém uma rede com incrível variedade de pessoas beneficiadas. Basta levantar um assunto para que ela sugira um destinatário que merece apoio, atenção e ajuda.
A crise que já dura sete meses é um fenômeno inédito pela magnitude e impacto de proporções mundiais. Muito se perdeu – vidas, empregos, perspectivas de crescimento de milhões de pessoas. O recrudescimento das doenças mentais será uma consequência dolorosa a longo prazo. Muitos passarão a trabalhar em casa, com repercussões familiares imprevisíveis.
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Reza o ditado que sempre há algo de positivo a se extrair de qualquer evento ou circunstância. Talvez o despertar da caridade seja um aspecto positivo que se possa cultivar permanentemente. Seria, além de um consolo, uma prática digna de lembrança para contar a nossos herdeiros.
Em Santa Cruz do Sul, a exemplo de todos os municípios, proliferam pessoas abnegadas que renunciam ao lazer e ao tempo com a família para fazer o bem. Lutam contra desafios de todo tipo, mas não arrefecem o ânimo de “fazer o bem, não importa a quem”. As Apaes são exemplos onipresentes que sintetizam o espírito altruísta que existe dentro de todos nós.
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