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Do Banco do Brasil ao Palacinho: relembre a trajetória de Helena Hermany

Embora seja sobrinha de um ex-prefeito, Helena só enveredou para a política após o marido Edmar Hermany eleger-se nos anos 80

“Política é a arte de engolir sapos.” Helena Hermany ainda tem presente na memória a frase que ouviu quando criança de seu tio, Edmundo Hoppe, prefeito duas vezes nas décadas de 60 e 70, e que só compreenderia bem mais tarde, ao trilhar o seu próprio caminho na vida pública.

Embora a política já estivesse na família, Helena cresceu sem qualquer pretensão eleitoral. Começou a trabalhar aos 14 anos, quando seu pai, que era marceneiro, faleceu. A família morava no Centro e, após a perda, a mãe, que era dona de casa, passou a cozinhar para fora. Quando Helena tinha 19 anos, ela e o irmão mais novo passaram em um concurso no Banco do Brasil.

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Ao todo, foram 25 anos como servidora. No meio do caminho, formou-se em Ciências Contábeis e casou-se com Edmar Hermany, sobrinho de outro ex-prefeito, Arno Frantz. Quando Hermany lançou-se a vereador, em 1988, viu-se obrigada a acompanhá-lo. “A tia Traudi (esposa de Arno) me disse: ‘Ou tu participa e gosta, ou tu vai brigar a vida inteira”, recorda. À época, sequer era filiada, mas atuou forte na campanha.

Quando tornou-se primeira-dama, em 1993, valeu-se da experiência acumulada no período de bancária, durante o qual foi ativa em projetos sociais e presidiu o Comitê de Combate à Fome e à Miséria. “No meu primeiro dia como primeira-dama, perguntei: ‘Quantas famílias carentes existem em Santa Cruz?’. Como ninguém sabia, resolvi começar por ali. Chamei os presidentes de bairros e dei início a um cadastro.”

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O trabalho na área social acabou por se transformar na marca de Helena que, em 2000, tornou-se a vereadora mais votada da história de Santa Cruz, com 3,6 mil votos. Aos 72 anos, ela carrega no currículo outro feito histórico: com três mandatos de vice-prefeita conquistados (em 2004 com José Alberto Wenzel e em 2012 e 2016 com Telmo Kirst), é a pessoa que mais tempo passou no comando da Prefeitura.

Helena tomou posse como prefeita em junho de 2008, após a renúncia de Wenzel | Foto: Banco de Imagens

Um reencontro

No fim do ano passado, Helena percebeu que um episódio marcante em sua vida estava prestes a completar 30 anos. Em dezembro de 1989, então com 41 anos e ainda bancária, foi sequestrada enquanto levava um malote de dinheiro até Trombudo e viveu o que a imprensa chamou de “um dia de terror”: passou horas sob a mira de revólveres, ouvindo ameaças, e foi abandonada em uma estrada.

Helena passou três décadas sem tocar no assunto, mas nega que tenha se traumatizado. “Eu consegui fazer de conta que não era comigo”, disse. Antes do último Natal, porém, teve a oportunidade de reencontrar, em Santa Catarina, o homem que apanhou-a na rodovia e a levou para casa, do qual sequer sabia o nome até então. “Foi muito emocionante”, relata.

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O fim de uma amizade de décadas

Dois fortes solavancos marcaram a trajetória política de Helena. Primeiro, a inesperada renúncia de José Alberto Wenzel em junho de 2008, que alçou-a ao cargo de prefeita às vésperas da eleição municipal. Helena se preparava para repetir a dobradinha quando recebeu um telefonema de Wenzel pedindo que o encontrasse em uma estrada, onde ele a esperaria em outro carro.

“Eu até brinquei: ‘Tu não vai me sequestrar, né?’. Quando entrei no carro, ele me disse: ‘Vou renunciar’. Perguntei: ‘Tu estás louco?’.” Tornada candidata, enfrentou um cenário adverso, com dificuldade até de achar alguém disposto a dividir a chapa. Acabou perdendo a chance de se tornar a primeira mulher eleita prefeita ao ser derrotada por Kelly Moraes (PTB). A outra guinada deu-se em março do ano passado, quando do traumático rompimento com Telmo Kirst, após duas campanhas vitoriosas.

Na ocasião, Helena chegou a recorrer ao Ministério Público, alegando ter sido expulsa de seu gabinete. Segundo ela, a crise afetou sua saúde. “Fiquei até doente. Tive que buscar recurso médico, tomar tranquilizante, coisa que nunca tinha feito.” Ela garante que, mais do que o divórcio político, o que pesou foi o fim de uma relação pessoal. “O Hermany e o Telmo foram colegas de aula. Tínhamos uma amizade do tempo da juventude, fomos ao casamento um do outro, criamos os filhos juntos. Foi muito triste. E até hoje ele não falou para mim o porquê”, lamenta.

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