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Distúrbios financeiros

Ao longo da vida, em algum momento, todo mundo já tomou alguma decisão financeira da qual se arrependeu. À vezes, pode até ter gerado prejuízos, pequenos ou grandes, conforme os valores envolvidos. Eventualmente, irrecuperáveis. Isso é normal e, por vezes, necessário para o aprendizado. Erros financeiros esporádicos ainda não caracterizam distúrbio financeiro.

Como definem os autores do livro A mente acima do dinheiro, Brad Klontz e Ted Klontz, “Os distúrbios financeiros são padrões persistentes, previsíveis e frequentemente rígidos de comportamentos autodestrutivos relacionados ao dinheiro, que trazem estresse, ansiedade, sofrimento emocional e incapacidade a áreas importantes da vida”. As pessoas sabem que o comportamento com as finanças trazem caos e até tristezas para a vida, mas não conseguem mudar. Ou, quando mudam, não conseguem manter a mudança por muito tempo.

Como acontece com outros comportamentos compulsivos ou viciados, os distúrbios financeiros são sintomas de temas não resolvidos relacionados a um passado difícil. Conforme os autores citados anteriormente, os distúrbios financeiros podem incluir qualquer um, algum ou todos os seguintes sintomas:

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  1. ansiedade, preocupação ou desespero sobre a situação financeira;
  2. ausência de economias;
  3. excesso de dívidas;
  4. falência, empréstimos pendentes, ou ambos;
  5. conflito sobre dinheiro com familiares, amigos ou colegas de trabalho;
  6. incapacidade de manter as mudanças nos comportamentos financeiros.

Já uma vida financeira saudável, de acordo com os pesquisadores Dr. So-Hyun Joo e Dr. John Grable, se caracteriza por alguns fatores:

  1. manter uma dívida baixa ou razoável;
  2. ter um plano de poupança ativo;
  3. ter um plano de gastos consciente e segui-lo;
  4. ausência de conflitos sobre dinheiro com cônjuges, familiares, etc;
  5. experimentar altos níveis de satisfação financeira;
  6. não sofrer de estresse financeiro.

Quando problemas financeiros tornam-se rotineiros, podem levar a dificuldades significativas nos relacionamentos, no trabalho, na saúde física e psicológica e no bem-estar geral. Como pano de fundo dos distúrbios financeiros, geralmente existem problemas de infância não resolvidos, traumas financeiros e outras experiências negativas.

Os autores Brad Klontz e Ted klontz chamam isso de flashpoints financeiros – eventos associados ao dinheiro (ou uma série deles), ocorridos nas primeiras fases da vida, com tal carga emocional que deixam uma marca que persiste durante a vida adulta. Contam o caso de uma paciente de nome Leslie, que, quando criança, depositava parte da mesada numa conta bancária; toda vez que ia ao banco fazer o depósito, gostava de verificar o crescimento do saldo até que um dia o caixa do banco informou que o saldo estava zerado, sacado pelo próprio pai. Confrontado, o pai disse que, na realidade, o dinheiro era dele. A consequência é que Leslie deixou de depositar na poupança e, pior, tratava de gastar logo o dinheiro que recebia, antes que alguém o tomasse dela.

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Os autores do livro citado neste artigo organizaram os distúrbios financeiros em três grandes grupos, com subdivisões, e que poderão ser examinados mais profundamente, em artigos futuros. São eles:

  1. Distúrbios de rejeição ao dinheiro: atitudes que nascem dos preceitos que equiparam o dinheiro às emoções negativas ou aos acontecimentos dolorosos. Em outras palavras, à crença de que dinheiro é algo ruim e é preciso livrar-se dele;
  2. Distúrbios de adoração ao dinheiro: dão ao dinheiro uma importância desproporcional, acumulando compulsivamente, correndo riscos irracionais, sendo viciados em trabalho, gastando em excesso e comprando compulsivamente;
  3. Distúrbios financeiros relacionais: causam devastação na vida emocional e financeira na própria pessoa e de outras pessoas. A maioria das pessoas já sabe o que deve fazer, mas não consegue colocar esse conhecimento em prática. O problema com o dinheiro pouco tem a ver com a falta de conhecimento. Mesmo aconselhamentos financeiros não são suficientes para transformar comportamentos financeiros destrutivos. As pessoas precisam encontrar as razões que estão por trás dos comportamentos autodestrutivos.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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