Não é por acaso que as duas principais operações de combate ao tráfico de drogas feitas pela Brigada Militar em Santa Cruz do Sul no ano passado ocorreram no Bairro Santa Vitória. Depósitos da facção Os Manos foram desmantelados em agosto e novembro, com apreensão de dezenas de quilos de drogas, arma, munições e coletes balísticos fabricados em Israel, revestidos com placas de cerâmica que resistem a tiros de fuzil e são usados em guerras.
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Em 2010, a área que ocupava quatro bairros distintos – Harmonia, Cristal, Glória e Imigrante – tornou-se apenas um, o Santa Vitória. E essa região passou a ser disputada por vários traficantes. Hoje, é fato claro para os policiais que o lugar é o mais conflagrado pelo crime organizado na cidade. As desavenças entre três chefões do tráfico, que moram no bairro, vêm provocando ocorrências graves.
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“No Santa Vitória, tivemos um acirramento da disputa interna por territórios. E isso se refletiu no número de homicídios”, revelou o tenente-coronel Cristiano Cuozzo Marconatto. Segundo ele, mesmo que tenham sido dois os homicídios registrados no Santa Vitória no ano passado – em que dois jovens, de 17 e 21 anos, foram mortos a tiros em novembro –, pelo menos cinco assassinatos de 2024 tiveram algum tipo de relação com essa disputa por território, ainda que tenham ocorrido em outros locais.
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“Onde uma liderança enfraquece, alguém tenta tomar conta. E onde existe uma disputa por territórios, acaba acontecendo a criminalidade violenta. Por isso, precisamos estar atentos e agir rápido antes que aconteça um aumento de mortes”, complementou o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) em entrevista ontem ao programa Estúdio Interativo, da Rádio Gazeta FM 107,9.
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Também segundo ele, as ações contra o tráfico acabam gerando, de forma direta ou indireta, um combate a 80% da criminalidade em geral, principalmente delitos patrimoniais e contra a vida. “Nos 18 homicídios que tivemos em 2024, pelo menos a metade tem algum tipo de vinculação com o tráfico. Então, combatendo isso, automaticamente também combatemos outros crimes.”
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Ainda na entrevista concedida aos jornalistas Lucas Malheiros e Carina Weber no Estúdio Interativo, Marconatto comentou a melhora nos índices de criminalidade, divulgados em reportagem veiculada na edição do último fim de semana da Gazeta do Sul. E revelou que, num ranqueamento interno da Brigada Militar do Estado, o 23º BPM foi o batalhão que mais atendeu ocorrências no Rio Grande do Sul em 2024.
Foram 79.260 atendimentos, em casos de todos os tipos. Em termos de foragidos capturados nos 21 municípios da área de abrangência, o 23º BPM ficou em terceiro lugar em todo o Estado, com 276 presos dentro da Operação Proscriptus.
Também terminou em sétimo em valores apreendidos de ações de combate ao tráfico de drogas, com cerca de R$ 700 mil confiscados.
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