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Disfunção Executiva

Quanto mais complexo é o ser vivo, menos pronto ele nasce. E nós, humanos, somos de uma complexidade ímpar, logo, nascemos muito imaturos, principalmente do ponto de vista cerebral. Nosso cérebro, ao longo da vida, vai desenvolvendo uma série de funções mentais, necessárias para nossa existência, funcionamento adequado e sobrevivência.

As funções mentais incluem atenção, pensamento, afeto, memória, inteligência e julgamento, entre tantas outras. Essas funções mentais funcionam interligadas e são geridas por um sistema superior que denominamos Funções Executivas. Seria uma espécie de gerente do cérebro. E como todo sistema, quanto melhor, mais desenvolvido e competente o gerente, melhor o funcionamento. Para nosso cérebro, isso não é diferente.

Para a maioria das pessoas, esse sistema se desenvolve adequadamente e só perdemos essas Funções Executivas com o avançar da idade a partir da sexta década de vida, doenças degenerativas (tipo Alzheimer) ou aparecimento de doenças, como câncer ou infecções cerebrais. Claro que quanto mais desenvolvermos essas funções e quanto mais saudável for nosso estilo de vida, menos a gente perde com o avançar da idade.

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Mas o problema em questão são aquelas pessoas que não conseguem desenvolver essas habilidades devido a um problema biológico como observamos no Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A maioria das pessoas pensa que os problemas das crianças e adultos acometidos pelo transtorno são a desatenção e a agitação. Mas é muito mais do que isso. O grande problema são as Disfunções Executivas.

Elas ocasionam um série de prejuízos no funcionamento das crianças, adolescente e adultos em casa, na escola e no trabalho. As pessoas com TDAH e, consequentemente, com Disfunção Executiva apresentam uma enorme dificuldade de organização e manejo do tempo e tendem a deixar as tarefas para última hora. Elas se distraem com muita facilidade por estímulos sonoros ou visuais, ou até mesmo pelos seus próprios pensamentos. Possuem uma grande dificuldade de realizar tarefas de longo prazo, como a leitura de um livro ou um projeto mais complexo. Apresentam dificuldade de controlar emoções, demonstrando raiva e pouca tolerância à frustração. Costumam ser esquecidos e relapsos nas atividades e prazos. Tendem a ter menos freio, o que leva à impulsividade no comportamento e na fala, podendo ser inadequados.

Como pode-se perceber, a Disfunção Executiva atrapalha demais a vida de crianças e adultos com TDAH. O melhor tratamento para essa condição médica é a combinação de medicamentos, educação sobre o transtorno, terapia cognitivo- comportamental e coaching. Os danos e prejuízos ao longo da vida causados pela Disfunção Executiva do TDAH superam, e muito, qualquer risco de uso da medicação. E a terapia ajuda demais essas pessoas a aprenderem como se leva uma vida funcional. TDAH não é mito ou vagabundagem. É transtorno médico, que pode ser grave e incapacitar pessoas.

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