P reocupados com a possível retomada das aulas presenciais, prevista pelo governo do Estado para a segunda quinzena de outubro, diretores de 19 escolas da rede estadual de Santa Cruz do Sul elaboraram uma carta conjunta solicitando o adiamento da medida. Em entrevista na tarde dessa sexta-feira no programa Rede Social da Rádio Gazeta 107,9 FM, Doriana Damé, da José Wilke; Nelson Jandrey, do Colégio Estadual Monte Alverne e Renato Araújo, vice-diretor da Felippe Jacobs, falaram sobre o documento de 15 pontos. Os diretores afirmam que os professores não estão preparados para a volta às aulas.
Doriana Damé, que atua há 30 anos no magistério, destaca que sente saudade da sala de aula, mas esclarece que para a reabertura é necessário a expedição de alvará ou certificado sanitário pela autoridade competente. “As escolas não receberam todos os itens de higiene que são considerados essenciais, assim como os servidores em número suficiente para a higienização e sanitização”, afirma. “Sabemos que em algum momento este retorno terá que existir, até porque é esta a função social da escola. Estamos com saudades dos nossos alunos, mas queremos uma volta com segurança, da mesma forma que ocorreu com as escolas particulares. Porque uma coisa é receber os alunos no início do ano de forma precária, como fazemos todos os anos, mas agora, em tempos de pandemia, seria uma irresponsabilidade de nossa parte”, avalia.
Pela previsão do governo estadual, a retomada das aulas presenciais, com ocupação de 50% da capacidade da sala de aula no Ensino Médio, deve acontecer no próximo dia 13. No caso do Ensino Fundamental – Anos Finais, a volta será no dia 28, e nos Anos Iniciais, em 12 de novembro. “Recebemos o aviso da retomada das atividades há 15 dias, mas ainda não nos comunicaram de que forma este retorno irá acontecer. Se não tivermos os mínimos equipamentos de proteção e de limpeza, não tem como. Não estamos nos negando, mas queremos ter condições de dar aula e não sermos contaminados ou contaminarmos um aluno”, esclarece Renato Araújo.
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Embora todas as escolas já tenham constituído o COE-Local, bem como o Plano de Contingenciamento, os diretores não concordam em assinar o Termo de Autodeclaração exigido no artigo 2º, inciso III, da Portaria SES 608/20, assumindo sozinhos a responsabilidade em caso de surto de infecção e contaminação. “Estamos sem condições de dar garantia de chegada e saída para nossos alunos. Caso aconteça alguma coisa, isso vai estourar nas nossas costas e não temos formação para garantir que a escola está apta a abrir. Não somos agentes sanitários para garantir isso,” alega. Além disso, os diretores questionam sobre o transporte escolar e onde os estudantes ficarão após o fim das aulas, já que as atividades na escola serão de apenas três horas. O documento foi entregue na 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), para encaminhamento à Secretaria Estadual da Educação.
A carta foi assinada pelos diretores das escolas Gaspar Bartholomay, Bruno Agnes, José Wilke, Sagrada Família, Ernesto Alves de Oliveira, Professor Affonso Pedro Rabuske, Felippe Jacobs, Petituba, Estado de Goiás, José Mânica, Santa Cruz, Willy Carlos Frohlich, Alfredo José Kliemann, Guilherme Simonis, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Esperança e Nossa Senhora de Fátima e colégios Monte Alverne e Professor Luiz Dourado.
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