O inusitado episódio do velório realizado em Candelária sem o corpo da vítima, que ficou horas pendente de liberação no Instituto Médico Legal (IML) de Santa Cruz do Sul, no início desta semana, expôs uma deficiência grave do sistema de perícias no Estado. A falta de técnicos e de unidades no interior dificulta o trabalho de agentes e a vida de famílias, que passam por momentos de tristeza. Porém, boas notícias devem chegar à região amanhã, quando o diretor do Departamento de Perícias do Interior (DPI), Marco Antonio Aurélio Curcio, virá a Santa Cruz para visitar as obras do Centro Integrado de Segurança Pública e Cidadania, no Bairro Arroio Grande.
Está prevista a instalação, na estrutura, do Posto de Coordenação Regional de Perícias, que atenderia à demanda nos vales do Rio Pardo e Taquari. O Centro Integrado, que reunirá órgãos de segurança pública, deve ser inaugurado ainda neste mês. O que ainda faltará para a unidade começar a funcionar em Santa Cruz são servidores. De acordo com Marco Curcio, serão necessários pelo menos 12 técnicos. O motorista e um profissional para atuar no setor administrativo serão cedidos pela Prefeitura.
O Posto de Perícias de Santa Cruz irá atender em um raio de 100 quilômetros. Atualmente, é a equipe de Santa Maria que trabalha na região. Curcio ressalta que esses profissionais cobrem todo o Centro do Estado e muitas vezes precisam atuar em dois casos por dia, vencendo distâncias de até quatro horas. “O principal problema é que o local do acidente ou do crime acaba sofrendo alterações no período do deslocamento dos técnicos.”
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Em Santa Cruz, a demora dos peritos para chegar de Santa Maria até as cenas de crimes já é um problema antigo. O IGP, atualmente, trabalha com apenas 39% do seu efetivo ideal. A expectativa é resolver o problema com a contratação de 106 servidores, autorizada pelo governador José Ivo Sartori no mês passado. Segundo o site do governo do Estado, serão contratados 35 peritos criminais, 35 médicos-legistas e 36 técnicos em perícias. As provas devem ser aplicadas ainda neste ano. O reforço está previsto no pacote de medidas da segunda fase do Plano Estadual de Segurança Pública, lançado em junho último.
Na visita de amanhã, Curcio deve dar mais detalhes sobre quando os profissionais deverão começar a atuar na cidade. Por enquanto, a previsão é de pelo menos um ano.
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