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ROMAR BELING

Direto da Redação: “Com a esperança de dias melhores”

O mês de maio entra para a história do Rio Grande do Sul como um período atípico e difícil de dimensionar ou assimilar. Os primeiros dias foram marcados por uma enxurrada sem precedentes, que inundou a região dos vales e arrastou consigo benfeitorias, no campo e na cidade, e fez localidades quase desaparecerem do mapa. Mesmo quando as chuvas intensas da primeira semana arrefeceram, as águas acumuladas em arroios e rios seguiram inundando as áreas mais baixas, e sequer Porto Alegre, como se pode conferir, escapou de estragos incalculáveis.

A essa altura do mês, na quarta semana seguida contabilizando estragos e prejuízos, as chuvas seguem não dando trégua. Uma impressionante força-tarefa de voluntários e trabalhadores em todas as áreas foi mobilizada a fim de socorrer os que estavam em situação de perigo, bem como dar assistência a dezenas de milhares de pessoas desalojadas, de todas as idades. E há ainda os animais, do mesmo modo apavorados. O que se viu, em termos de engajamento coletivo, é algo igualmente sem precedentes.

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Fica, por outro lado, inquietante constatação: depois de quatro semanas, não vigora uma sensação de total falência no que tange a restabelecimento da infraestrutura básica nos serviços essenciais? Quatro semanas se passaram e poucas ações foram efetivadas em setores indispensáveis, inclusive para maior e melhor atendimento emergencial aos atingidos. Não parece que, no âmbito dos serviços essenciais, a sociedade está à deriva?

Ou como explicar que tantos dias depois o trânsito não foi restabelecido na ponte sobre o Rio Pardo, em Candelária? Mesmo quando o tempo esteve firme, nada foi resolvido. Uma cabeceira de ponte, literalmente, atravancou a região central gaúcha. Imagine-se, então, se fosse uma ponte inteira de fato caída. Moradores de Candelária e outras localidades da região precisam com frequência deslocar-se para tratamento médico (inclusive para sessões de hemodiálise e de quimioterapia), e dependem diretamente dessa via. A eles nenhuma satisfação é dada.

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O mesmo vale para estudantes, que estão impedidos de acessar o local de suas aulas em Santa Cruz. Quantos dias mais serão necessários até que finalmente uma solução, paliativa que seja, tenha sido implementada? E numa cabeceira de ponte! No tempo decorrido, talvez não teria sido possível instalar uma ponte provisória, como ocorreu em tantos outros lugares no Estado?

Da enchente, sem dúvida nenhuma, os gaúchos, por mobilização da própria sociedade civil, saberão se recuperar, como sempre fizeram em situações complicadas anteriores. Já no que tange à iniciativa de suas instâncias públicas responsáveis pela infraestrutura, que por ela deviam zelar (e ter a presteza de restabelecê-la, com agilidade), daí talvez já venha a ser um pouco mais complicado acreditar em dias melhores. Bom final de semana.

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