Com a falta de informações efetivas ou de clareza quanto ao andamento dos trabalhos internos nas comissões da COP7, a sétima Conferência das Partes da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, que se realiza em Greater Noida, na região metropolitana de Nova Delhi, na Índia, questões de bastidores ou externas ao ambiente dos debates oficiais seguem ganhando proeminência ou se impondo na ordem do dia. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira, 9, durante o encontro do final da tarde, por volta das 19 horas na capital indiana (11h30 no Brasil), quando representantes da delegação do governo brasileiro haviam combinado de se reunir no Hotel Crowne Plaza com a comitiva de lideranças da cadeia produtiva que estão acompanhando as atividades na COP7.
A certa altura, o deputado estadual Edson Brum, do PMDB, que integra a comitiva de autoridades vindas do Rio Grande do Sul, pediu a palavra e teceu críticas perante quatro membros da delegação, liderados pelo embaixador do Brasil na Índia, Tovar da Silva Nunes, e por Carlos Cuenca, do Ministério das Relações Exteriores. Brum reclamou enfaticamente do fato de a delegação do Brasil ter silenciado, na segunda-feira, diante da proposta da Tailândia que levou a não admissão de público ouvinte ao prédio do India Expo Centre & Mart, onde ocorre a conferência. Com isso, todos os membros da comitiva de lideranças de entidades e organismos vindos do Brasil perderam o direito de acesso ao local, desde a terça-feira, mesmo que não pudessem entrar no ambiente de reuniões das comissões.
“Entendo que, mesmo diante da enorme importância econômica e social da cultura do tabaco no Sul do Brasil, os interesses legítimos desse público não estão sendo defendidos ou respeitados pela delegação do governo”, disse Brum. “E mais, diante de atitudes como a de não se opor a proposta da Tailândia, o Brasil se coloca de joelhos diante dos interesses de outras nações. Isso precisa ser prontamente comunicado a ministros no Brasil”. Exigiu ainda que seu protesto fosse registrado formalmente.
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O embaixador Tovar Nunes reagiu com desconforto ao tom exaltado de Brum e ameaçou deixar o ambiente da reunião, encerrando o diálogo com o grupo de lideranças setoriais e com membros de organizações não governamentais (ONGs) antitabagistas, que igualmente acompanhavam o relato da delegação oficial. Diante disso, quem acabou se retirando foi Brum, no que foi seguido pelos deputados Marcelo Moraes, Adolfo Jose Brito e Pedro Pereira. Um clima de constrangimento se impôs na sala, e o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Airton Artus, chegou a fazer um pedido de desculpas ao embaixador pela exaltação que tomou conta da conversa. Nunes voltou a enfatizar que a delegação estava atendendo rigorosamente a posição geral do governo brasileiro para a COP7, e que as discussões sobre os diversos temas técnicos seguiam com normalidade.
Apos o encerramento da reunião, os deputados que haviam deixado o recinto informaram que haviam feito contatos com integrantes do governo em Brasília a fim de manifestar a sua inconformidade com o andamento dos trabalhos da delegação oficial na Índia. Brum inclusive divulgava perante todos que havia enviado texto ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, reclamando enfaticamente do fato de a delegação oficial, segundo ele, não estar defendendo os interesses dos Pais e sim aceitando com naturalidade, em sua opinião, pressões de ONGs, ao invés de acolher as opiniões do setor produtivo.
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